O SONHO DE ALBERTO
Ele chegou sangrando. Sua testa estava ferida na sobrancelha esquerda. Segundo ele, havia sido atacado por dois bêbados que saiam do bar da esquina. Tais pessoas eram desconhecidas. Alberto foi tomado de surpresa e não teve condições de defender-se. Não teve como reagir. Apesar de bêbados, eram fortes e ágeis. Atacaram e, pondo o rapaz no chão, saíram em disparada. Ele jamais os havia visto naquela cidade. Os dois embriagados tomaram o caminho da igreja e sumiram após a esquina. Ninguém, depois do episódio, sabia do paradeiro dos agressores.
Alberto, após receber os socorros necessários, prestou queixa na Delegacia mais próxima e retornou para casa.
Eram 22,45, daquela sexta-feira 13 de agosto. A cabeça lhe doía muito, dificultando a chegada do sono.
Enfim, dormiu! Algum tempo passou e Alberto se deu conta de que estava numa rua meio escura, mas, depois da esquina conseguia enxergar uma construção antiga que identificara como sendo a casa de seus ancestrais paternos, na velha cidade de Lisboa, em Portugal.
Seguiu em direção à casa que estava há uns quatrocentos metros da rua por onde caminhava. Parou há aproximadamente cinqüenta metros e olhou o prédio demoradamente. Era igualzinho ao casarão da foto que sua mãe guardava com tanto carinho. Ali nascera e passara os melhores dias de sua infância, até sua viagem para o Brasil, aos dez anos de idade.
Alberto decidiu ir até a casa. Quando aproximou-se, alguém abriu a imensa porta de madeira e dirigiu-se a ele: Até que enfim! Já o esperávamos há dias. Seja bem vindo. Seu avô lhe aguarda, ora pois, pois! E fez uma mesura à guiza de saudação. Alberto adentrou-se ao rol fronteiriço. Uma moçoila de aparência mourisca o recebeu, pedindo que a acompanhasse.
O casarão parecia amplo. Nas paredes do corredor quadros de retratos ancestrais remetiam o espectador a tempos distantes. A penumbra, não permitia distinguir-se quais eram os autores daquelas telas, possivelmente valiosas.
Ao final do corredor, havia uma grande porta em madeira trabalhada, na qual se via uma pesada fechadura de latão polido. A grande porta foi aberta por dois serviçais, vestidos à maneira mourisca e Alberto entrou no grande salão, guarnecido por móveis de madeira, à moda Luiz XVI.
Na cabeceira de uma mesa muito grande, de cadeiras ricamente trabalhadas, estava sentado um senhor de baixa estatura, circunspecto, barba encanecida, e olhar muito firme. Com a presença de Alberto, o velho continuou sentado e apontou-lhe a cadeira fronteiriça, onde pediu-lhe que sentasse. Acomodado, Alberto dirigiu-lhe a palavra, dizendo: Grato pela recepção, a que devo tanta honra?
Isaac! Era assim que você se chamava quando foi meu filho. Pedi aos meus superiores, aqueles que programaram minha descida à terra, novamente, que me permitissem escolher a família que viesse a me abrigar. Eles me concederam essa chance. Então, optei para descer na minha família! Isto é, entre aqueles que foram portadores de meu sangue. Você foi o escolhido. Eu o apontei. Porém, ao prestar-lhes minha decisão, eles me disseram que estaria tudo bem, desde que você concordasse. Diante da conjuntura, solicitei que me permitissem falar com você. Optei por convidá-lo. Foi difícil, entretanto, pois que você não sintonizava com nossos chamamentos. O incidente de hoje foi uma maneira de desenergizar seu corpo, a fim de que pudéssemos atrai-lo para um contato pessoal.
Eis os fatos. Sou instado a descer para ressarcimento de compromissos assumidos em algumas vivências anteriores e um projeto foi cuidadosamente elaborado para mais uma tentativa de recuperação. Como você, entre os meus, é aquele que melhor se apresenta a nível de capacidade para orientar-me os caminhos da nova vida, escolhi você. Agora, basta que você me aceite.
Pelo que sei, o senhor foi meu bisavô e viveu na terra faz muito tempo. Conheço um pouco de suas estórias, de sua altivez, de seu temperamento forte; de seus princípios e de sua teimosia. Se me prometerem bloquear suas lembranças e embotarem seus impulsos eu o receberei. Porém, resta-me encontrar uma noiva, casar-me e ela, aceitá-lo, também, como filho. Esta é minha posição.
É, sabia que contaria com você. Comprometo-me a esforçar-me para não decepcioná-lo. Faça um bom retorno e me aguarde. Temos cinco anos terrestres para o cometimento. Quando aproximar-se minha descida, nos encontraremos novamente, nessa ocasião, também, com aquela que será minha mãe. Deus abençoe você!
Alberto despertou. A cabeça ainda lhe doía. Sabia que havia sonhado, porém, as lembranças do sonho eram vagas. Quem sabe, depois, as lembranças lhe acudissem.
Ele chegou sangrando. Sua testa estava ferida na sobrancelha esquerda. Segundo ele, havia sido atacado por dois bêbados que saiam do bar da esquina. Tais pessoas eram desconhecidas. Alberto foi tomado de surpresa e não teve condições de defender-se. Não teve como reagir. Apesar de bêbados, eram fortes e ágeis. Atacaram e, pondo o rapaz no chão, saíram em disparada. Ele jamais os havia visto naquela cidade. Os dois embriagados tomaram o caminho da igreja e sumiram após a esquina. Ninguém, depois do episódio, sabia do paradeiro dos agressores.
Alberto, após receber os socorros necessários, prestou queixa na Delegacia mais próxima e retornou para casa.
Eram 22,45, daquela sexta-feira 13 de agosto. A cabeça lhe doía muito, dificultando a chegada do sono.
Enfim, dormiu! Algum tempo passou e Alberto se deu conta de que estava numa rua meio escura, mas, depois da esquina conseguia enxergar uma construção antiga que identificara como sendo a casa de seus ancestrais paternos, na velha cidade de Lisboa, em Portugal.
Seguiu em direção à casa que estava há uns quatrocentos metros da rua por onde caminhava. Parou há aproximadamente cinqüenta metros e olhou o prédio demoradamente. Era igualzinho ao casarão da foto que sua mãe guardava com tanto carinho. Ali nascera e passara os melhores dias de sua infância, até sua viagem para o Brasil, aos dez anos de idade.
Alberto decidiu ir até a casa. Quando aproximou-se, alguém abriu a imensa porta de madeira e dirigiu-se a ele: Até que enfim! Já o esperávamos há dias. Seja bem vindo. Seu avô lhe aguarda, ora pois, pois! E fez uma mesura à guiza de saudação. Alberto adentrou-se ao rol fronteiriço. Uma moçoila de aparência mourisca o recebeu, pedindo que a acompanhasse.
O casarão parecia amplo. Nas paredes do corredor quadros de retratos ancestrais remetiam o espectador a tempos distantes. A penumbra, não permitia distinguir-se quais eram os autores daquelas telas, possivelmente valiosas.
Ao final do corredor, havia uma grande porta em madeira trabalhada, na qual se via uma pesada fechadura de latão polido. A grande porta foi aberta por dois serviçais, vestidos à maneira mourisca e Alberto entrou no grande salão, guarnecido por móveis de madeira, à moda Luiz XVI.
Na cabeceira de uma mesa muito grande, de cadeiras ricamente trabalhadas, estava sentado um senhor de baixa estatura, circunspecto, barba encanecida, e olhar muito firme. Com a presença de Alberto, o velho continuou sentado e apontou-lhe a cadeira fronteiriça, onde pediu-lhe que sentasse. Acomodado, Alberto dirigiu-lhe a palavra, dizendo: Grato pela recepção, a que devo tanta honra?
Isaac! Era assim que você se chamava quando foi meu filho. Pedi aos meus superiores, aqueles que programaram minha descida à terra, novamente, que me permitissem escolher a família que viesse a me abrigar. Eles me concederam essa chance. Então, optei para descer na minha família! Isto é, entre aqueles que foram portadores de meu sangue. Você foi o escolhido. Eu o apontei. Porém, ao prestar-lhes minha decisão, eles me disseram que estaria tudo bem, desde que você concordasse. Diante da conjuntura, solicitei que me permitissem falar com você. Optei por convidá-lo. Foi difícil, entretanto, pois que você não sintonizava com nossos chamamentos. O incidente de hoje foi uma maneira de desenergizar seu corpo, a fim de que pudéssemos atrai-lo para um contato pessoal.
Eis os fatos. Sou instado a descer para ressarcimento de compromissos assumidos em algumas vivências anteriores e um projeto foi cuidadosamente elaborado para mais uma tentativa de recuperação. Como você, entre os meus, é aquele que melhor se apresenta a nível de capacidade para orientar-me os caminhos da nova vida, escolhi você. Agora, basta que você me aceite.
Pelo que sei, o senhor foi meu bisavô e viveu na terra faz muito tempo. Conheço um pouco de suas estórias, de sua altivez, de seu temperamento forte; de seus princípios e de sua teimosia. Se me prometerem bloquear suas lembranças e embotarem seus impulsos eu o receberei. Porém, resta-me encontrar uma noiva, casar-me e ela, aceitá-lo, também, como filho. Esta é minha posição.
É, sabia que contaria com você. Comprometo-me a esforçar-me para não decepcioná-lo. Faça um bom retorno e me aguarde. Temos cinco anos terrestres para o cometimento. Quando aproximar-se minha descida, nos encontraremos novamente, nessa ocasião, também, com aquela que será minha mãe. Deus abençoe você!
Alberto despertou. A cabeça ainda lhe doía. Sabia que havia sonhado, porém, as lembranças do sonho eram vagas. Quem sabe, depois, as lembranças lhe acudissem.
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