Para que serve o sal se ele perde o sabor? Para que serve uma lâmpada se ela perde a capacidade de iluminar? Qual a serventia do ser humano se ele se torna incapacitado de amar?
Para que servem o livre-arbítrio e a responsabilidade da totalidade dos pensamentos e sentimentos que fluem de cada um de nós a não ser para marcar em nós mesmos o resultado do que somos. E o que somos, o expressamos através dos pensamentos, sentimentos, posturas e atitudes.
Sim, somos irresponsáveis e inconseqüentes na administração do que de nós é exalado. Afinal, que diferença temos nós, seres humanos terrestres, dos animais, nossos irmãozinhos inferiores na escala evolutiva característica deste planeta?
Cabe a cada um administrar as próprias energias inerentes à nossa condição ímpar de ser pensante é responsável pelos próprios atos. Cabe à pessoa administrar o conjunto dos seus sentimentos e dos seus pensamentos que são marcados de forma indelével na sua própria aura, no próprio campo energético que o rodeia, que envolve o corpo terrestre e o espírito eterno a ele transitoriamente imantado.
Diante dessa responsabilidade de manter em si mesmo a luz do bom ânimo, a luz do esforço incessante, do melhoramento íntimo, da procura do “amar sempre aos outros” exigindo muito de si mesmo e pouco ou quase nada dos que nos rodeiam, do procurar ser compreensivo, etc., respondemos perante as leis cósmicas, queiramos ou não, sofrendo o efeito do que nós mesmos construímos e nos permitimos expressar, seja este efeito vibratório benéfico ou não.
Diante dessa responsabilidade, quando desistimos de administrar a nós próprios, quando nos tornamos vítima de nós mesmos e das circunstâncias que nos rodeiam a existência, passamos a ser um mero produto do mundo e não um ser pensante que exerce a sua capacidade de influenciar positivamente o ambiente ao seu redor. Essas circunstâncias são causadas por efeito de atos do passado ou mesmo por conseqüências de erros do presente, ou ainda pelo conjunto disso tudo acrescentados dos erros advindos da pouca vigilância dos espíritos encarnados que conosco convivem no contexto familiar, no trabalho, etc.
Quando o conjunto resultante dessas circunstâncias se torna muito complicado muitos deixam, por comodidade, desespero ou mesmo por falta de habilidade psicológica para lidar com situações de alto grau de insucesso e de revés, de administrar o próprio combustível existencial. Quando isso ocorre, aí sim, a exemplo do câncer que destrói as células do corpo, esse câncer espiritual-energético atua no campo psicológico destruindo as defesas espirituais energéticas da pessoa. Instala-se um aparente caos psicológico, energético e espiritual. Depois, esse aparente caos começa a produzir os inevitáveis efeitos que se somatizam no corpo físico.
E tal qual a morte em plena vida, o espírito que assim se permite sentir, morre — no sentido espiritual — mesmo tendo um corpo ainda vivo, atuante e que se movimenta. Mas o espírito deixa de gerar em si mesmo, ou de administrar o fluído vital, essencial, conjuntamente com suas energias cerebrais, mentais, para fazer brilhar a si mesmo enquanto ser existente e pensante.
Para que serve um ser vivo e pensante se não tenta, se não assume as suas próprias condições, se não consegue despertar na sua própria personalidade as suas conquistas ali registradas, se não ajuda a si mesmo e aos outros, etc.?
A depressão é responsabilidade de cada um. A química da farmacologia terrena no jogo dos interesses às vezes inconfessáveis das grandes organizações, das macro-forças que governam a vida na Terra e que por nós são dificilmente percebidas, produzem os remédios de forma a “terceirizar” as responsabilidades do ser, tornando-os dependentes do conteúdo químico para neutralizar o momentâneo processo químico do corpo em produzir "hormônios tendentes à depressão". Esses remédios, quando comprados, atacam apenas as conseqüências sem atingir as causas, e atacando sempre as conseqüências dos nossos atos pouco vigilantes, nos permitimos o culto da inconseqüência constante. Ou seja, esses remédios atacam a “dor de cabeça”, mas não trabalham a causa psicológica do destempero temperamental, do orgulho, da inveja, do desamor, que às vezes a produz
Ao nos acostumarmos a má administração das próprias forças espirituais, que através de desajustes temporários provocam no corpo certos tipos de doenças, mais fácil será sempre comprar um remédio, tomá-lo, e administrar a dor ou o desajuste momentâneo, do que reformar o íntimo de nós próprios, tentando dominar a conduta indesejável e equivocada que nos leva a exigir tudo de todos e, quando nada recebemos, explodimos em rebeldia e revolta histéricas.
Todos os remédios ajudam, mas não resolvem. Afinal, a causa de muitos males situa-se fora do corpo perecível e não há remédio terreno que nos atinja o espírito. Somente a reforma e o melhoramento íntimos hão de produzir o necessário ajuste vibratório cessando, aí sim, os efeitos danosos já que as causas foram devidamente combatidas.
Assim se processa a vida terrena, queiramos ou não, percebamos ou não. E somos todos algozes de nós mesmos, porquanto vítima nos tornamos do sistema de valores vigentes, e a depressão é apenas um dos muitos painéis que nos invadem a alma quando dela não cuidamos com o mínimo de zelo no campo da sabedoria existencial. Desistir de administrar as próprias forças existências é transferência indevida da soberania que devemos exercer sobre o nosso próprio destino.
A oração, a vigilância, a insistência da postura amorosa, do muito dar ou do algo dar e do nada exigir ou pouco exigir. O perdão necessário em todos os momentos, o amor fraterno, a caridade, a solidariedade, a compreensão e a compaixão, tudo isso funciona tal qual alimento que edifica no nosso próprio espírito, a luz que nos protege e que nos permite viver de forma a vibrarmos harmoniosamente com as forças cósmicas. Entretanto, quando nos desconectamos desse circuito, por pouca vigilância, “esse vírus” a que chamais de depressão, tristeza, desânimo, de fato, tal qual alimento estragado a invadir o corpo e causar lá os seus desajustes intestinais, da mesma forma esse alimento estragado nos invade o espírito. E quando assim acontece, por nossa própria responsabilidade, cometemos danos difíceis de serem sanados à nossa própria alma.
ando o “vírus espiritual do desânimo” invade a psicologia existencial o corpo físico começa a sua produção química característica da depressão. E quanto mais tristes, desesperados e deprimidos nos permitimos ficar, maior é a produção química que as nossas células corporais praticam para sustentar a depressão. Os remédios — muitas vezes necessários para romper o circuito depressivo — equilibram a química do corpo, atuando na psicologia fragilizada, mas não resolve a questão da tendência espiritual.
esus, conhecedor profundo da alma humana, advertia a todos: “tendes sempre bom ânimo”, porque quando temos bom ânimo, mantemos acesa a nossa luz existencial e, por mais erros que cometamos e por piores que sejam as circunstâncias da vida, essa coisa chamada depressão, desânimo, esse verdadeiro vírus para o espírito, de nós não se aproxima.
Sede, portanto, caminhante que jamais se detém na busca da elevação das próprias vibrações, tendo sempre bom ânimo diante de tudo.
Enéas. (espírito)
Recebido pelo médium Jan Val Ellam
Grupo Atlan Natal -
Luiz Carlos Matão