quarta-feira, 15 de junho de 2011

INTRANSITÁVEL - Pedro Simões



Divago, de vagar, sobre andar
e amar,verbos intransitáveis,
jornadas de difícil caminhar.
Entre o céu e o mar bravio
desvario, vazio, navio
à deriva sem porto, sem mestre,
sem destino, desatino – sou eu
ou a minha sina de ir e vir
sertaneja que caça espaços
abertos longes e pertos, para
não ficar e se converter numa
estátua de sal, amarga e
ressentida por estar e não ser,
enxergar e não ver, ser ou não ser ?
Traços dos meus passos, malmequeres
despetalados, papéis de cartas
marcadas com lágrimas e furor
jazidas entre as paginas de um
diário com folhas em branco,
denunciam, mais que testemunham
o mal ofício caminheiro:
não sou quando estou, ausento-me
quando estou perdidamente só.


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