terça-feira, 21 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
C O N V I T E
Há coisas que nos gratificam acompanhar de perto. O vôo das aves. Os primeiros passos de uma criança. As primeiras peraltices dos infantes. Aquilo que nos adoça a alma.
É assim que me sinto por testemunhar o vôo condoreiro de Pedro Simões Neto, seguro e estável, tranqüilo.
O amigo que, alem de possuidor da verdadeira amizade, sabe expandir em grandes proporções sua cultura e dedica-se à difícil arte de fazer a INTRIGA DO BEM.
Para ratificar o que ora afirmo, convido meus leitores ao lançamento.
--
*José Carlos Santos*
DESIGN
GRAPHOS COMUNICAÇÃO
PORTAL MERCADO ABERTO
(84) 3234-3008
FECOMERCIO RN
(84) 3213-7393
É assim que me sinto por testemunhar o vôo condoreiro de Pedro Simões Neto, seguro e estável, tranqüilo.
O amigo que, alem de possuidor da verdadeira amizade, sabe expandir em grandes proporções sua cultura e dedica-se à difícil arte de fazer a INTRIGA DO BEM.
Para ratificar o que ora afirmo, convido meus leitores ao lançamento.
--
*José Carlos Santos*
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
ODE AO AMIGO
PIRILAMPO (Pedro Simões).
PEDRINHO, VOCÊ É ´PEDRA!
E PEDRA BEM CONSISTENTE,
TEM NÚCLEO BEM MONOLÍTICO,
NA ESSÊNCIA, É DIFERENTE.
É AMIGO NA MEDULA,
É PEDRA, MAS DILIGENTE
MESMO BRUTA OU TRABALHADA
É PEDRA INTELIGENTE.
É PEDRA COM A VIRTUDE,
BEM DIFERENTE DAS OUTRAS,
POIS TEM LUZ PRÓPRIA, BEM LATENTE
TEM NO CORPO E NA COROA
É PEDRA – DICOTOMIA!
É DURA, MAS ILUMINA
ENTRE A PEDRA E O PIRILAMPO,
É COM A LUZ QUE FASCINA.
POR ESSA BELA RAZÃO
DISSE JESUS AO DISCÍPULO
PEDRO, DE FATO, ÉS PEDRA
COM VALIOSO CURRICULO
ISSO VALE PRA VOCÊ,
QUE TEM TANTAS QUALIDADES
QUE É AMIGO DE FATO,
É DE “VERA”! É DE VERDDE!
JANSEN LEIROS
PIRILAMPO (Pedro Simões).
PEDRINHO, VOCÊ É ´PEDRA!
E PEDRA BEM CONSISTENTE,
TEM NÚCLEO BEM MONOLÍTICO,
NA ESSÊNCIA, É DIFERENTE.
É AMIGO NA MEDULA,
É PEDRA, MAS DILIGENTE
MESMO BRUTA OU TRABALHADA
É PEDRA INTELIGENTE.
É PEDRA COM A VIRTUDE,
BEM DIFERENTE DAS OUTRAS,
POIS TEM LUZ PRÓPRIA, BEM LATENTE
TEM NO CORPO E NA COROA
É PEDRA – DICOTOMIA!
É DURA, MAS ILUMINA
ENTRE A PEDRA E O PIRILAMPO,
É COM A LUZ QUE FASCINA.
POR ESSA BELA RAZÃO
DISSE JESUS AO DISCÍPULO
PEDRO, DE FATO, ÉS PEDRA
COM VALIOSO CURRICULO
ISSO VALE PRA VOCÊ,
QUE TEM TANTAS QUALIDADES
QUE É AMIGO DE FATO,
É DE “VERA”! É DE VERDDE!
JANSEN LEIROS
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
CRÔNICA
AUTA DE SOUZA - EXPRESSÃO
MAIOR DO LIRISMO POTIGUAR
Nos idos de 1955, chegará a Natal para proferir duas palestras, a convite da Federação Espírita do RN, o jovem baiano Prof. Divaldo Pereira Franco.
Por ser macaibense, fui destituindo para à acompanhá-lo à princesa do Jundiaí, um passeio pretendido e ansiado. O jovem orador, então com 25 anos, desejava conhecer o famoso jasmineiro do qual tanto lhe falava a amiga Auta de Souza.
Durante o trajeto, Natal-Macaíba, Divaldo discorreu sobre a grande poetisa norte rio-grandense, estando o retrato espiritual, ele que já era a glória da poesia feminina brasileira e, segundo ele, espírito de escol areolado pela luz da sabedoria e da bondade.
Visitamos o jasmineiro e lá, pudemos sentir a presença luminosa da dulcíssima através dos jasmins que Divaldo colheu com certa emoção.
Ali, comecei a conhecer minha doce conterrânea. Por embatia, a ela me afeiçoei degustando seus lirismos em cada verso. Enamorei-me dela na fluidez de sua poesia.
Na infância, estudara no Grupo Escolar “Auta de Souza” quando o prédio que fora à Casa Nova da Rua do Comércio ainda não havia sido criminosamente derrubado – fruto da implosão de sentimentos mesquinhos. Visão míope de dirigentes aculturados e medíocres. Fora ali, naquele casarão de enormes janelas, que nasceu a expressão máxima do lirismo da terra de Poty, a 12 de setembro de 1876.
No centenário de seu nascimento, de maneira surpreendente, fomos, Waldemar Matoso e eu, levado a receber e aceitar a incumbência de, com alguns amigos, orientar e dirigir uma casa de crianças abandonadas, nesta terra de grandes vultos.
Ao recebermos e legalizarmos a instituição pusemos esse nome: Fundação Lar Celeste “Auta de Souza”.
Em 1984, a Academia de Letras Municipais do Brasil, com sede em São Paulo, nos contemplou com a inclusão de nosso nome em seu quadro social, conferindo-nos o título de ACADÊMICO e o alvitre escolha de um patrono conterrâneo para a cadeira representativa, naquela Casa de Cultura. Não tivemos dúvidas. Auta foi à escolhida. É a patronesse da cadeira municipal. Reforçavam-se nossos laços.
De repente, somos agradecidos com honroso convite para proferir palestras sobre a decantada poeta do sofrimento, de quem tanto nos ufanamos, e aqui estamos felizes, gratificados, cheios de honrarias que nos provocam timidez, mas que sobre tudo nos deixam desejoso de plantar no espírito de cada convite a semente do amor, do respeito e da admiração por esse anjo tutelar que enleva que os corações humanos no cadenciar nostálgico de seus poemas.
Na matriz de Nossa Senhora da Conceição, numa das colunas da Nave principal, encontra-se seu ossário, onde lhe dedicaram o epitáfio: “Longe da mágoa, enfim, no Céu repousa Quem sofreu muito e quem amou demais”.
“A Auta de Souza conhecida era como um perfume de novena trazido num sopro de familiaridade lírica. Menina e moça, levada de casa para o colégio em versos. Plantou um jasmineiro e deixou um livro de saudades que é o Cancioneiro Geral das nossas tristezas”. Assim se expressou Edgar Barbosa no prefácio à obra de Câmara Cascudo, “Vida Breve de Auta de Souza”.
Relembrar a “DULCÍSSIMA”, implica em pintar-se aprioristicamente o cenário de sua curta existência. Palmilhar seus caminhos para viver suas emoções e descobri-la na paisagem social, no bulício da juventude, com os sonhos de donzela, prenhe de desejos humanos, espontâneos, comuns. Sentir sua poesia personalíssima, brotada de um acervo milenar, como água cristalina, nascida da fonte inegostável de seu lirismo.
Parece-nos tarefa muito difícil, interpretar um poeta desse naipe. Explicáveis podem ser os que constroem suas poesias, elaboradas em razão de técnicas, objetivando a consecução de projetos beletristas, onde a erudição se assemelha às máquinas frias e previamente programadas para realizar computações de palavras em combinações psicológicas, na maioria das vezes forçadas, grosseiras, pesadas e escassas da leveza própria do lirismo puro, nascido dos recônditos da alma.
O verso deve ser sentido na extensão de seu recado melódico, sintonizado às percepções do espírito. Por essa razão, confessamos nossa incapacidade para interpretar a obra desse Avatar da poesia ou explica - lá. Porém, vamos tentar seguir-lhe os passos para seguramente nos emocionar com sua melodia, mergulhando nos concertos cósmicos do lirismo aos quais nos enleva.
Do proscênio das notícias pesquisadas, emerge o cenário vivo que enredou o ambiente vivencial da pequena Auta. Neta do vaqueiro-rei Félix do Potengi Pequeno herdou da raça o dom da nostalgia e a têmpera dos que sabem sofrer, coração cheio de esperanças. Magra, pequenina, escura como o jambo, religiosa – filha de Maria - recatada e feminina; doce, meiga terna e sonhadora; olhos negros a derramar carícias pela natureza, amando o jasmineiro que plantou a petizada buliçosa, a família coesa.
Desde cedo, a flauta encantada do lirismo esboçou as primeiras melodias, derramadas em fluxo constante; espontâneas, harmoniosas, doces, românticas, no descanso da chácara do Arraial, na cidade do Recife, para onde fora com os avós e os quatro irmãos, após a morte de sua mãe, Da Henriqueta Leopoldina, usurpada do convivo da família, vitima da tuberculose.
Ali, naquele ambiente bucólico, entre árvores e arbustos, trepadeiras, roseiras e crótons variados, nasciam à exuberante força da criatividade poética daquela que se tornaria um poema vivo, mesmo menina, traquina e cheia de energia, distribuindo seus versos entre suas amigas.
O Mestre Cascudo pinta seu retrato com tintas firmes e graciosas, quando diz: “Gostava de conversar, meter-se nos diálogos de gente grande e também falava sozinha. Falar sozinha era o processo natural para povoar o ambiente, dando expressão, movimento, ação aos jarros de flores, canteiros de jasmins, árvores, trepadeiras, arbustos, bichos do chão, das paredes e dos ares. Além das bonecas de pano, de louça e de barro. Brincar de dona-de-casa. Cozinhando de boneca, com folha picada e água fria, servindo a refeição em caos de porcelana, papel por toalhado, na obrigação de “fazer-de-conta” que se come e elogios a quem fez o banquete. Vez por outra havia uma abstração invencível, ficar parada, mão no queixo, viajando sem sair do lugar, sonhando, como George Sand, em Nohnat, na paisagem verde do Berry”.
Aos sete anos, Auta já escrevia. Estudava rudimentos de francês e desenvolvia o vocabulário, quando nova tragédia abalou a família, vitimando o mano Irineu pelas chamas da explosão de um a família, vitimando o mano Irineu pelas chamas da explosão de um candeeiro de querosene. Continuara seu calvário de amarguras, iniciado com a morte de seus pais e recrudescido com a de seu irmão, no limiar de seus doze anos. Dez anos depois, sua tristeza era musicada num poema, retratando a dor daquele suplício:
“Mas... a gaiola vazia,
Que eu conservo noite e dia,
Não sabem? É o coração...
É dentro dele que mora,
É dentro dele que chora,
A alma de meu irmão!”
De 88 a 90 foi Alina e ganhadora de prêmios escolares no Colégio de São Vicente de Paula, na cidade do Recife, dirigido por professoras francesas. Curso regular e incompleto, interrompido pela tuberculose. Dedicou tanta estima as irmãs professoras que delas não se esqueceu nos créditos do “Horto”: “Às boas irmãs do Colégio da Estância o espírito, ofereço o que há e mais puro nestes singelos versos”.
Segundo seus biógrafos, a literatura infantil a fascinava, embalando os sonhos de menina. Entretanto, era a poesia que emoldurava os momentos de suas alegrias, ou se constituía refúgio nos instantes de mágoa.
Em 1890, Auta retorna a Princesa do Jundiaí. A tuberculose já a havia acometido e sua avó, Dindinha, transformara-se em anjo tutelar, redobrando cuidados e atenções, multiplicando esperanças.
Nesse período, Auta leu muito. Principalmente os franceses: Bossuet, Fenelon, Chateaubriand, Vitor Hugo e Lamartine.
Aos dezessete anos, iniciava seu fluxo perene de poesia. Apesar da doença, “Torna-se moça, airosa, morena, esculpida em póla de sapoti, “cheia de corpo”, graciosa, mais baixa do que alta, com uma voz inesquecível de doçura e musicalidade”, diz o Mestre Cascudo. Inicia uma série de contribuições para os periódicos da época que, coletadas e selecionadas, constituíram os originais de “Dhalias”.
Ao contrário do que se imaginava, Auta era alegre freqüentava festinhas domésticas e dançava quadrilhas e valsas.
No seu ultimo aniversário, setembro de 1900, dançou muito, tendo como par o então estudante, Luís Tavares de Lyra. Nessas festas, em cujos intervalos havia recitativos, as moças diziam seus poemas, tão ao gosto da época, e Auta, nessas ocasiões, fazia delirar quantos a escutasse, tamanho o magnetismo que fluía de sua verve.
Cingida às prescrições médicas, limitou-se-lhe a liberdade de menina-moça. Passou a ler de tudo. Mergulhava fundo nos livros. Além dos franceses, dos quais se fascinara por Lamartine, lia com certa avidez o grande poeta de “Canção do Exílio” – o indianista Gonçalves Dias – e o irrequieto Luíz Murat, autor de “Ondas” e “Quatro Poemas”. Marco Aurélio, porém em “Pensamentos” parece ter contribuído consideravelmente para fortalecer sua tolerância e desenvolver-lhe o amor à natureza. Daí, conclui-se que para Auta, a dor foi um buril transformando em guia.
Críticos brasileiros da expressão de Nestor Victor, Olavo Bilac, Jackson de Figueiredo, Tristão de Athaíde, Arthur Pinto da Rocha, Agripino Grieco e Luíz da Câmara Cascudo dedicaram-lhe as mais justas considerações. Seu conterrâneo, o acadêmico José Melquíades de Macedo, professor, ensaísta e crítico literário, comparando-a com a festejada poeta de Massachusetts, Emily Dickson, assim se referiu: “Essa (Emily), Auta jamais conheceu e nem de seus versos fez idéia alguma. Entretanto, coincidentemente,eram emocionalmente de imortalidade ou glória futura”. È a ratificação da tese de que a poesia de Auta era espontânea, gerada na fonte milenar de seus registros ancestrais, como precioso líquido cristalino e puro. Melquíades e Cascudo biografaram, emoldurando suas crônicas-biográficas com a emoção dos enamorados.
Jackson de Figueiredo edita um ensaio magistral sobre a poetisa macaibense, incluindo na Coleção Eduardo Prado – série C. O ensaísta questionava com desassombro a produção literária da mulher brasileira no campo da poesia, dizendo: “A mulher tem revelado na moderna da poesia, brasileira, na maioria absoluta dos casos dignos de nota, uma grande capacidade artística, uma excelente técnica de verso, a segurança mais perfeita de tudo quando é exterior ou, pelo menos, não intrínseco à poesia propriamente; mas é raro que a vejamos revelar uma verdadeira força poética, isto é, é raro que vejamos capaz de comover realmente, de agitar os melhores sentimentos do coração humano”. E prossegue dizendo: “Com raríssimas exceções, a poesia feminina, entre nós, tem mostrado sempre não ter do mundo outra concepção senão a rudimentar concepção que os sentimentos podem dar. Direi mais francamente: tem sido toda essa poesia, de modo mais frio ou mais arrebatado, puro sensualismo, pura embriaguez dos sentidos, gemido ou fria paixão, doloroso murmúrio ou gritos e brutais revoltas do instinto”.
Jackson não exigia da poesia uma linha objetiva de racionalidade ou expressão meramente didática, pois entendia que “a razão não é toda a alma”, mas “que é da alma que deve falar a verdadeira poesia”, sugerindo que ela deva brotar da pura imaginação e da vontade, como queria Long Haye, em Theorise dês Belle Lettres. Porém, o com muita proficiência asseverava que a psicologia dos mais talentosos poemas brasileiros não encontrava a segurança “na vida interior da sua poesia”. A boa obra poética, para ele, não podia prescindir da emoção verdadeira, fruto do “amor como força irradiante e profunda”, combinada a um objetivo superior para produzir emoções dignas da arte.
Assim, quanto à poética, Jackson de Figueiredo via em Auta uma alma cheia de harmonia, delicadeza e sutileza, simplicidade e misticismo, constituindo exceção ás assertivas às poetas brasileiras de sua contemporaneidade.
O crítico Nestor Victor, dos mais expressivos, analisou a natureza e o temperamento da mulher poeta, para refleti-los na sua obra. Porém, não chegou a relacionar essa natureza a esse temperamento, para poder sentir as causas íntimas do mecanismo poético de nossa “enternecida cantora”. Fixa-se somente, no limiar de sua dor, quando aduz: “Ela nasce, por conseguinte, para ser o órgão natural do pranto dado a condição de mulher, naquele ninho de filhos sem pais”.
“Do livro de crônicas, editado em 1995 – Macaíba de Cada Um
MAIOR DO LIRISMO POTIGUAR
Nos idos de 1955, chegará a Natal para proferir duas palestras, a convite da Federação Espírita do RN, o jovem baiano Prof. Divaldo Pereira Franco.
Por ser macaibense, fui destituindo para à acompanhá-lo à princesa do Jundiaí, um passeio pretendido e ansiado. O jovem orador, então com 25 anos, desejava conhecer o famoso jasmineiro do qual tanto lhe falava a amiga Auta de Souza.
Durante o trajeto, Natal-Macaíba, Divaldo discorreu sobre a grande poetisa norte rio-grandense, estando o retrato espiritual, ele que já era a glória da poesia feminina brasileira e, segundo ele, espírito de escol areolado pela luz da sabedoria e da bondade.
Visitamos o jasmineiro e lá, pudemos sentir a presença luminosa da dulcíssima através dos jasmins que Divaldo colheu com certa emoção.
Ali, comecei a conhecer minha doce conterrânea. Por embatia, a ela me afeiçoei degustando seus lirismos em cada verso. Enamorei-me dela na fluidez de sua poesia.
Na infância, estudara no Grupo Escolar “Auta de Souza” quando o prédio que fora à Casa Nova da Rua do Comércio ainda não havia sido criminosamente derrubado – fruto da implosão de sentimentos mesquinhos. Visão míope de dirigentes aculturados e medíocres. Fora ali, naquele casarão de enormes janelas, que nasceu a expressão máxima do lirismo da terra de Poty, a 12 de setembro de 1876.
No centenário de seu nascimento, de maneira surpreendente, fomos, Waldemar Matoso e eu, levado a receber e aceitar a incumbência de, com alguns amigos, orientar e dirigir uma casa de crianças abandonadas, nesta terra de grandes vultos.
Ao recebermos e legalizarmos a instituição pusemos esse nome: Fundação Lar Celeste “Auta de Souza”.
Em 1984, a Academia de Letras Municipais do Brasil, com sede em São Paulo, nos contemplou com a inclusão de nosso nome em seu quadro social, conferindo-nos o título de ACADÊMICO e o alvitre escolha de um patrono conterrâneo para a cadeira representativa, naquela Casa de Cultura. Não tivemos dúvidas. Auta foi à escolhida. É a patronesse da cadeira municipal. Reforçavam-se nossos laços.
De repente, somos agradecidos com honroso convite para proferir palestras sobre a decantada poeta do sofrimento, de quem tanto nos ufanamos, e aqui estamos felizes, gratificados, cheios de honrarias que nos provocam timidez, mas que sobre tudo nos deixam desejoso de plantar no espírito de cada convite a semente do amor, do respeito e da admiração por esse anjo tutelar que enleva que os corações humanos no cadenciar nostálgico de seus poemas.
Na matriz de Nossa Senhora da Conceição, numa das colunas da Nave principal, encontra-se seu ossário, onde lhe dedicaram o epitáfio: “Longe da mágoa, enfim, no Céu repousa Quem sofreu muito e quem amou demais”.
“A Auta de Souza conhecida era como um perfume de novena trazido num sopro de familiaridade lírica. Menina e moça, levada de casa para o colégio em versos. Plantou um jasmineiro e deixou um livro de saudades que é o Cancioneiro Geral das nossas tristezas”. Assim se expressou Edgar Barbosa no prefácio à obra de Câmara Cascudo, “Vida Breve de Auta de Souza”.
Relembrar a “DULCÍSSIMA”, implica em pintar-se aprioristicamente o cenário de sua curta existência. Palmilhar seus caminhos para viver suas emoções e descobri-la na paisagem social, no bulício da juventude, com os sonhos de donzela, prenhe de desejos humanos, espontâneos, comuns. Sentir sua poesia personalíssima, brotada de um acervo milenar, como água cristalina, nascida da fonte inegostável de seu lirismo.
Parece-nos tarefa muito difícil, interpretar um poeta desse naipe. Explicáveis podem ser os que constroem suas poesias, elaboradas em razão de técnicas, objetivando a consecução de projetos beletristas, onde a erudição se assemelha às máquinas frias e previamente programadas para realizar computações de palavras em combinações psicológicas, na maioria das vezes forçadas, grosseiras, pesadas e escassas da leveza própria do lirismo puro, nascido dos recônditos da alma.
O verso deve ser sentido na extensão de seu recado melódico, sintonizado às percepções do espírito. Por essa razão, confessamos nossa incapacidade para interpretar a obra desse Avatar da poesia ou explica - lá. Porém, vamos tentar seguir-lhe os passos para seguramente nos emocionar com sua melodia, mergulhando nos concertos cósmicos do lirismo aos quais nos enleva.
Do proscênio das notícias pesquisadas, emerge o cenário vivo que enredou o ambiente vivencial da pequena Auta. Neta do vaqueiro-rei Félix do Potengi Pequeno herdou da raça o dom da nostalgia e a têmpera dos que sabem sofrer, coração cheio de esperanças. Magra, pequenina, escura como o jambo, religiosa – filha de Maria - recatada e feminina; doce, meiga terna e sonhadora; olhos negros a derramar carícias pela natureza, amando o jasmineiro que plantou a petizada buliçosa, a família coesa.
Desde cedo, a flauta encantada do lirismo esboçou as primeiras melodias, derramadas em fluxo constante; espontâneas, harmoniosas, doces, românticas, no descanso da chácara do Arraial, na cidade do Recife, para onde fora com os avós e os quatro irmãos, após a morte de sua mãe, Da Henriqueta Leopoldina, usurpada do convivo da família, vitima da tuberculose.
Ali, naquele ambiente bucólico, entre árvores e arbustos, trepadeiras, roseiras e crótons variados, nasciam à exuberante força da criatividade poética daquela que se tornaria um poema vivo, mesmo menina, traquina e cheia de energia, distribuindo seus versos entre suas amigas.
O Mestre Cascudo pinta seu retrato com tintas firmes e graciosas, quando diz: “Gostava de conversar, meter-se nos diálogos de gente grande e também falava sozinha. Falar sozinha era o processo natural para povoar o ambiente, dando expressão, movimento, ação aos jarros de flores, canteiros de jasmins, árvores, trepadeiras, arbustos, bichos do chão, das paredes e dos ares. Além das bonecas de pano, de louça e de barro. Brincar de dona-de-casa. Cozinhando de boneca, com folha picada e água fria, servindo a refeição em caos de porcelana, papel por toalhado, na obrigação de “fazer-de-conta” que se come e elogios a quem fez o banquete. Vez por outra havia uma abstração invencível, ficar parada, mão no queixo, viajando sem sair do lugar, sonhando, como George Sand, em Nohnat, na paisagem verde do Berry”.
Aos sete anos, Auta já escrevia. Estudava rudimentos de francês e desenvolvia o vocabulário, quando nova tragédia abalou a família, vitimando o mano Irineu pelas chamas da explosão de um a família, vitimando o mano Irineu pelas chamas da explosão de um candeeiro de querosene. Continuara seu calvário de amarguras, iniciado com a morte de seus pais e recrudescido com a de seu irmão, no limiar de seus doze anos. Dez anos depois, sua tristeza era musicada num poema, retratando a dor daquele suplício:
“Mas... a gaiola vazia,
Que eu conservo noite e dia,
Não sabem? É o coração...
É dentro dele que mora,
É dentro dele que chora,
A alma de meu irmão!”
De 88 a 90 foi Alina e ganhadora de prêmios escolares no Colégio de São Vicente de Paula, na cidade do Recife, dirigido por professoras francesas. Curso regular e incompleto, interrompido pela tuberculose. Dedicou tanta estima as irmãs professoras que delas não se esqueceu nos créditos do “Horto”: “Às boas irmãs do Colégio da Estância o espírito, ofereço o que há e mais puro nestes singelos versos”.
Segundo seus biógrafos, a literatura infantil a fascinava, embalando os sonhos de menina. Entretanto, era a poesia que emoldurava os momentos de suas alegrias, ou se constituía refúgio nos instantes de mágoa.
Em 1890, Auta retorna a Princesa do Jundiaí. A tuberculose já a havia acometido e sua avó, Dindinha, transformara-se em anjo tutelar, redobrando cuidados e atenções, multiplicando esperanças.
Nesse período, Auta leu muito. Principalmente os franceses: Bossuet, Fenelon, Chateaubriand, Vitor Hugo e Lamartine.
Aos dezessete anos, iniciava seu fluxo perene de poesia. Apesar da doença, “Torna-se moça, airosa, morena, esculpida em póla de sapoti, “cheia de corpo”, graciosa, mais baixa do que alta, com uma voz inesquecível de doçura e musicalidade”, diz o Mestre Cascudo. Inicia uma série de contribuições para os periódicos da época que, coletadas e selecionadas, constituíram os originais de “Dhalias”.
Ao contrário do que se imaginava, Auta era alegre freqüentava festinhas domésticas e dançava quadrilhas e valsas.
No seu ultimo aniversário, setembro de 1900, dançou muito, tendo como par o então estudante, Luís Tavares de Lyra. Nessas festas, em cujos intervalos havia recitativos, as moças diziam seus poemas, tão ao gosto da época, e Auta, nessas ocasiões, fazia delirar quantos a escutasse, tamanho o magnetismo que fluía de sua verve.
Cingida às prescrições médicas, limitou-se-lhe a liberdade de menina-moça. Passou a ler de tudo. Mergulhava fundo nos livros. Além dos franceses, dos quais se fascinara por Lamartine, lia com certa avidez o grande poeta de “Canção do Exílio” – o indianista Gonçalves Dias – e o irrequieto Luíz Murat, autor de “Ondas” e “Quatro Poemas”. Marco Aurélio, porém em “Pensamentos” parece ter contribuído consideravelmente para fortalecer sua tolerância e desenvolver-lhe o amor à natureza. Daí, conclui-se que para Auta, a dor foi um buril transformando em guia.
Críticos brasileiros da expressão de Nestor Victor, Olavo Bilac, Jackson de Figueiredo, Tristão de Athaíde, Arthur Pinto da Rocha, Agripino Grieco e Luíz da Câmara Cascudo dedicaram-lhe as mais justas considerações. Seu conterrâneo, o acadêmico José Melquíades de Macedo, professor, ensaísta e crítico literário, comparando-a com a festejada poeta de Massachusetts, Emily Dickson, assim se referiu: “Essa (Emily), Auta jamais conheceu e nem de seus versos fez idéia alguma. Entretanto, coincidentemente,eram emocionalmente de imortalidade ou glória futura”. È a ratificação da tese de que a poesia de Auta era espontânea, gerada na fonte milenar de seus registros ancestrais, como precioso líquido cristalino e puro. Melquíades e Cascudo biografaram, emoldurando suas crônicas-biográficas com a emoção dos enamorados.
Jackson de Figueiredo edita um ensaio magistral sobre a poetisa macaibense, incluindo na Coleção Eduardo Prado – série C. O ensaísta questionava com desassombro a produção literária da mulher brasileira no campo da poesia, dizendo: “A mulher tem revelado na moderna da poesia, brasileira, na maioria absoluta dos casos dignos de nota, uma grande capacidade artística, uma excelente técnica de verso, a segurança mais perfeita de tudo quando é exterior ou, pelo menos, não intrínseco à poesia propriamente; mas é raro que a vejamos revelar uma verdadeira força poética, isto é, é raro que vejamos capaz de comover realmente, de agitar os melhores sentimentos do coração humano”. E prossegue dizendo: “Com raríssimas exceções, a poesia feminina, entre nós, tem mostrado sempre não ter do mundo outra concepção senão a rudimentar concepção que os sentimentos podem dar. Direi mais francamente: tem sido toda essa poesia, de modo mais frio ou mais arrebatado, puro sensualismo, pura embriaguez dos sentidos, gemido ou fria paixão, doloroso murmúrio ou gritos e brutais revoltas do instinto”.
Jackson não exigia da poesia uma linha objetiva de racionalidade ou expressão meramente didática, pois entendia que “a razão não é toda a alma”, mas “que é da alma que deve falar a verdadeira poesia”, sugerindo que ela deva brotar da pura imaginação e da vontade, como queria Long Haye, em Theorise dês Belle Lettres. Porém, o com muita proficiência asseverava que a psicologia dos mais talentosos poemas brasileiros não encontrava a segurança “na vida interior da sua poesia”. A boa obra poética, para ele, não podia prescindir da emoção verdadeira, fruto do “amor como força irradiante e profunda”, combinada a um objetivo superior para produzir emoções dignas da arte.
Assim, quanto à poética, Jackson de Figueiredo via em Auta uma alma cheia de harmonia, delicadeza e sutileza, simplicidade e misticismo, constituindo exceção ás assertivas às poetas brasileiras de sua contemporaneidade.
O crítico Nestor Victor, dos mais expressivos, analisou a natureza e o temperamento da mulher poeta, para refleti-los na sua obra. Porém, não chegou a relacionar essa natureza a esse temperamento, para poder sentir as causas íntimas do mecanismo poético de nossa “enternecida cantora”. Fixa-se somente, no limiar de sua dor, quando aduz: “Ela nasce, por conseguinte, para ser o órgão natural do pranto dado a condição de mulher, naquele ninho de filhos sem pais”.
“Do livro de crônicas, editado em 1995 – Macaíba de Cada Um
Texto de Jansen Leiros”
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Série: No enlevo das preces
Renascendo
Senhor!
No fim do horizonte,
vi luzes que sumiam.
Ao meu redor, penumbras me cercavam
em meio a vozes que também fugiam,
vi silhuetas que se aproximavam.
Senti torpor, me envolvendo, agora,
e desmaiei em torno de mim mesmo.
E estava, agora, o centro de um cortejo,
na direção do mundo infinito.
Desfalecendo, fui-me apequenando,
até ouvir a voz de um comando:
Pronto, mergulha. Vai!
Chegou a tua hora!
No túnel de meu tempo, envolvi-me
num halo perfumado de jasmim,
suaves cânticos,..., querubins,
ecoavam no imo de meu ser
Não percebi, onde e em qual hora
mas, me senti, talvez, apequenado,
como se fora...miniaturizado,
num mundo novo, em movimento lento.
Minhas lembranças, não eram tão seguras,
do ontem que a mim, me antecedeu!
De longe, uma voz balbuciava:
Acorda, filho! Você nasceu.
Vi-me pequeno, em forma bem esteta.
À minha frente, aconchegante, vi também,
seio materno, rosado, intumescido
cheirando ao néctar que do colo vem.
Nas vidraças, ainda com orvalho,
da noite fria que antecedeu.
O sol brilhante. Sim! o novo dia,
15 de março. A luz me recebeu!
Era a nova fase, programada.
Era uma nova reencarnação!
Era um convite para minha alma
P’ra reciclar a minha evolução.
Agora, que acudiam meus sentidos,
Principalmente, os da audição,
ouvi, suave, vindo da amplidão,
a terna voz que me falava assim:
“Segue, meu filho, cumpra a tarefa!
É preciosa oportunidade!
Dedica tua vida à caridade,
Sê complacente com o teu irmão.
Supera tu, os comprometimentos.
Supera teu passado, tua dor!
Trabalha! Trabalha! Segue em frente!
Segue a estrada do Consolador.
Segue apagando de tua memória,
o mal plantado pelo desamor.
Ergue a cabeça, permaneças nobre,
ao caminhar silente, sem temor.
Não te insurjas contra a ingratidão.
Ela é fruto, só de teu passado,
Mas guarda o peito, agora, apascentado,
pois boa parte,o carma superou.
Pede a Jesus que te ilumine os passos
e te oriente toda a trajetória.
E sem protestos, construas tua estória;
plasmando, na vivência, tua glória,
dos exitosos na reforma interior.
E estarei, sempre, sempre, vigilante,
no controle da planilha do viver.
E que Jesus proteja teu descer
neste programa de renascimento.
Assim, então, receba todo o amor,
de mim, pessoalmente, e toda equipe,
pois conhecendo tua nobre estirpe,
confiamos em teu renascer.
Que DEUS te abençoe.
Herculano.”
E a voz sumiu, em passe de magia,
E eu fiquei tão só, tão, só, porém contente,
E adormeci sono profundo e envolvente,
P’ra despertar à luz do novo dia.
Um colo me apertou! Senti muito carinho
a me envolver em terna alegria
e desse peito, d”onde agora renascia
eu vi a luz que iluminou o meu caminho.
Jansen (dos) Leiros
Senhor!
No fim do horizonte,
vi luzes que sumiam.
Ao meu redor, penumbras me cercavam
em meio a vozes que também fugiam,
vi silhuetas que se aproximavam.
Senti torpor, me envolvendo, agora,
e desmaiei em torno de mim mesmo.
E estava, agora, o centro de um cortejo,
na direção do mundo infinito.
Desfalecendo, fui-me apequenando,
até ouvir a voz de um comando:
Pronto, mergulha. Vai!
Chegou a tua hora!
No túnel de meu tempo, envolvi-me
num halo perfumado de jasmim,
suaves cânticos,..., querubins,
ecoavam no imo de meu ser
Não percebi, onde e em qual hora
mas, me senti, talvez, apequenado,
como se fora...miniaturizado,
num mundo novo, em movimento lento.
Minhas lembranças, não eram tão seguras,
do ontem que a mim, me antecedeu!
De longe, uma voz balbuciava:
Acorda, filho! Você nasceu.
Vi-me pequeno, em forma bem esteta.
À minha frente, aconchegante, vi também,
seio materno, rosado, intumescido
cheirando ao néctar que do colo vem.
Nas vidraças, ainda com orvalho,
da noite fria que antecedeu.
O sol brilhante. Sim! o novo dia,
15 de março. A luz me recebeu!
Era a nova fase, programada.
Era uma nova reencarnação!
Era um convite para minha alma
P’ra reciclar a minha evolução.
Agora, que acudiam meus sentidos,
Principalmente, os da audição,
ouvi, suave, vindo da amplidão,
a terna voz que me falava assim:
“Segue, meu filho, cumpra a tarefa!
É preciosa oportunidade!
Dedica tua vida à caridade,
Sê complacente com o teu irmão.
Supera tu, os comprometimentos.
Supera teu passado, tua dor!
Trabalha! Trabalha! Segue em frente!
Segue a estrada do Consolador.
Segue apagando de tua memória,
o mal plantado pelo desamor.
Ergue a cabeça, permaneças nobre,
ao caminhar silente, sem temor.
Não te insurjas contra a ingratidão.
Ela é fruto, só de teu passado,
Mas guarda o peito, agora, apascentado,
pois boa parte,o carma superou.
Pede a Jesus que te ilumine os passos
e te oriente toda a trajetória.
E sem protestos, construas tua estória;
plasmando, na vivência, tua glória,
dos exitosos na reforma interior.
E estarei, sempre, sempre, vigilante,
no controle da planilha do viver.
E que Jesus proteja teu descer
neste programa de renascimento.
Assim, então, receba todo o amor,
de mim, pessoalmente, e toda equipe,
pois conhecendo tua nobre estirpe,
confiamos em teu renascer.
Que DEUS te abençoe.
Herculano.”
E a voz sumiu, em passe de magia,
E eu fiquei tão só, tão, só, porém contente,
E adormeci sono profundo e envolvente,
P’ra despertar à luz do novo dia.
Um colo me apertou! Senti muito carinho
a me envolver em terna alegria
e desse peito, d”onde agora renascia
eu vi a luz que iluminou o meu caminho.
Jansen (dos) Leiros
Série: No Enlevo das Preces
“ELE” – O MODELO
A chuva encheu de lágrimas o céu,
tornou cinzento o nascer do dia...
mas despertou no peito a poesia,
do ser cristão que singra em seu batel.
A chuva foi descendo em enxurradas,
levando em seu caudal, muita sujeira,
ficando muito intensa, na ladeira,
de quem não planejou as escaladas.
Olhei pela vidraça, respingada
e vi o mundo esvair-se em pranto,
depois olhei pro céu e, no entanto,
fiquei feliz, além desse momento.
E viajei estrelas, de alegria.
multiplicadas pelo Universo,
cantando hosanas; essência destes versos,
num mundo muito além da fantasia.
E teu MODELO – eterna projeção,
da tua Paz que sinto no meu Eu,
em sensação que nunca esmaeceu,
massageando este coração.
Que teu amor, Oh Pai, se faça eterno
e se projete em berço de bondade
aconchegando toda humanidade,
com teu carinho e afago terno.
Glória te dou, Oh Pai, pois me ensejas,
esta vontade imensa de viver,
sob essa LUZ, que faz o amanhecer,
em cada alma. Meu Senhor! Que assim seja!
Jansen (dos) Leiros
A chuva encheu de lágrimas o céu,
tornou cinzento o nascer do dia...
mas despertou no peito a poesia,
do ser cristão que singra em seu batel.
A chuva foi descendo em enxurradas,
levando em seu caudal, muita sujeira,
ficando muito intensa, na ladeira,
de quem não planejou as escaladas.
Olhei pela vidraça, respingada
e vi o mundo esvair-se em pranto,
depois olhei pro céu e, no entanto,
fiquei feliz, além desse momento.
E viajei estrelas, de alegria.
multiplicadas pelo Universo,
cantando hosanas; essência destes versos,
num mundo muito além da fantasia.
E teu MODELO – eterna projeção,
da tua Paz que sinto no meu Eu,
em sensação que nunca esmaeceu,
massageando este coração.
Que teu amor, Oh Pai, se faça eterno
e se projete em berço de bondade
aconchegando toda humanidade,
com teu carinho e afago terno.
Glória te dou, Oh Pai, pois me ensejas,
esta vontade imensa de viver,
sob essa LUZ, que faz o amanhecer,
em cada alma. Meu Senhor! Que assim seja!
Jansen (dos) Leiros
segunda-feira, 19 de julho de 2010
CAFÉ-CONCERTO E FORRÓ INACABADO PARA O AMIGO JANSEN LEIROS
“Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos.” (Don Miguel de Unamuno)
No reino muito próximo e muito próspero da Macaíba, um menino mal saído dos cueiros gostava de acordar antes dos galos, para saudar a fundação do dia e ouvir os seus acordes. Atravessava com muito cuidado os vãos da pequena casa da rua Benjamin Constant, vencendo com dificuldade a ainda reinante escuridão e, pela porta dos fundos, tomava o rumo do curral onde o pai mantinha sempre meia dúzia de vacas para o leite doméstico.
Seu pouso era o tanque de beber dos animais. Lá, punha-se de pé numa das paredes do bebedouro e se esticava, alongando o olhar na direção da longínqua ponte de igapó, nas quase brevidades do pressentido rio Jundiái.
Ali, aguardava que o dia se mostrasse.
Fascinava-o o lento e mágico alvorecer. A tímida mas determinada luz precursora de um sol ainda em trânsito do outro lado do mundo, que punha claridade no negror, azulejando-o. Depois, apresentava-se numa convulsão cinza-claro se esbranquiçando, já mesclado com estertores da agonia escarlate, sugerindo um parto sanguinolento e, afinal a criança alva vindo à luz, gloriosa qual o Cristo ressuscitado.
Era quando olhava ao derredor, uma rotina que o tranqüilizava e aumentava o seu domínio da beleza. Conferia as suas posses visuais: o pomar verde pontilhado de promessas multicoloridas, cheio de vida animal que dele se nutria. Até escolhera a sua árvore: um pé de pinha. Mas sabia que a rainha do terreiro era uma jaboticabeira, porque era árvore ritual da antiga vila de Coité, que definia uma época em que todos a celebravam, como doce e sumarenta excentricidade, nascida tão agarradinha ao tronco, como a criança ao ventre materno.
E se fascinava com os arautos da manhã. Primeiro, o galo despertador; depois, os resmungos dos perús e das galinhas alvoroçadas. O grito desagradável do pavão e o tô fraco falso e acanalhado dos guinés. Até mesmo o zurrar do burro sendo acangalhado para o transporte de água.
Mas o seu deleite eram os pássaros, aquelas pequeninas e maravilhosas criações de Deus para alegrar as criaturas. Especialmente os sabiás, bem-te-vís e canários e também os azulões. Até mesmo o crocitar dos gaviões o encantava. Era tudo testemunho de vida.
Observava os volteios elegantes e graciosos dos beija-flores e das libélulas, a sem cerimônia das borboletas, pousando onde queriam. E, antes que o dia estivesse definitivamente instalado, dizia aos seus amigos invisíveis que não precisava de nenhuma prova da existência de Deus. Estava satisfeito e consciente da sua onipresença, a sua obra o autenticava.
Esses amigos somente ele enxergava. Gente desconhecida, uns solenes, outros simples. Sentia-se à vontade com o avô adotivo paterno, Neco Freire, que lhe transmitia recados para o filho, seu pai, a respeito de assuntos os mais variados, desde o pedido de cautela com certa iniciativa até orientações para a vida de relações.
Felizmente, nascera numa família espírita, onde se acreditava na transmigração das almas a partir da reencarnação. E da possibilidade de comunicação com os que já morreram. Por conta desses dons, tornara-se mal visto pelos companheiros, como fosse uma espécie esquisita.
Imagine-se numa época de extremos saberes, em que pontificava, de um lado, os dogmas religiosos, e do outro uma intolerante ciência que também punha os seus dogmas como verdades absolutas. Onde se situaria uma criança cheia de imaginosos amigos invisíveis, em diálogos diários com o avô falecido?
Reprimiu as revelações, mantendo-as para si mesmo e para um grupo restrito de familiares.
Mas a “fatalidade” o perseguia. Foi estudar no Grupo Escolar Auta de Souza, onde havia nascido a poeta do “Horto” e lá, todos os dias, a notável macaibense postava-se ao seu lado, estimulando-o e o auxiliando nas lições. O menino sabia quando ela chegava porque sentia um forte cheiro de jasmin.
(Certa vez andava no velocípede no chão de mosaicos da sua casa, quando uma figura feminina, muito magra e pequenina, cercada por um halo muito luminoso, atravessou a sala de um a outro vértice, sorrindo para a criança, como um anjo o faria. A primeira reação foi a de gritar para que alguém o socorresse. Depois, foi sendo envolvido por uma paz, um conforto que o relaxou. Teria uns cinco a seis anos. Já era a sua “madrinha” assegurando-lhe proteção)
E ela o acompanhou a vida inteira. Se não aproveitou as orientações recebidas, foi por pura rebeldia ou enfado, um cansaço existencial que acomete os que derivam para outros planos sensoriais, cercando-se de regras e princípios inflexíveis, afastando-os do humano e achegando-os para o divino. Um fardo muito pesado, sobretudo para a criança.
Até hoje não soube porque a iluminada conterrânea o cerca com tanto carinho e tanto zelo. Talvez, cogita, afinidade poética, raízes telúricas, a sua alma peregrina e penitente...
(Pouca gente leu Unamuno, que é recorrente para mim, senão concordaria com o filósofo espanhol quando afirmou que “Aquilo a que chamamos espírito parece-me muito mais material do que aquilo a que chamamos matéria; sinto a minha alma mais manifesta e mais sensível do que o meu corpo.”)
Foi estudar em Natal, no Ginásio Sete de Setembro, depois, no Colégio Marista e finalmente, no Atheneu.
Retornou a Macaiba após casar-se, aos dezoito anos. Em decorrência da responsabilidade assumida, foi trabalhar na Cooperativa Banco Auxiliar do Comércio , de Jessé Freire. Alguns anos depois, foi nomeado para o Instituto do Açúcar e do Álcool, onde trabalhou durante... anos.
Conheci-o na velha Faculdade de Direito da Ribeira, em 1963. Estava no primeiro ano de direito e ele já no quarto ano. Candidato á Presidência do Diretório Acadêmico Amaro Cavalcanti, pelo bloco da esquerda, os estrategistas da sua campanha entendiam que o candidato a Vice-Presidente da sua chapa deveria ser alguém do primeiro ano, a turma mais numerosa, e que polarizasse votos de outros segmentos.
Então eu era ligado aos intelectuais, aos desportistas, pois era um bom atleta de voleibol e de basquete, e também ligado à esquerda. Além disso, segundo os mesmos analistas, depois que aprovaram o meu nome, eu era bem apessoado e “moderno”, dado às festas e eventos sociais, agradando ao eleitorado feminino.
Como já referi nesta mesma série, quando retratei o amigo Manoel Onofre Júnior, da minha chapa só eu fui eleito. E foi a minha desdita, pois, por circunstâncias alheias à minha vontade, assumi a Presidência do Diretório em razão do seu titular haver assumido a Presidência do Diretório Central Universitário. Corria o ano de 1964 e, pelo simples fato de me destacar como liderança estudantil, e no ambiente universitário, fui devidamente estigmatizado, como tantos outros companheiros ditos “de esquerda”.
O meu candidato à presidência, por determinação pessoal conseguiu transferir-se da Delegacia de Natal do IAA para o Rio de Janeiro.
Desatinou-se, e num dia tempestuoso, desaguou no Rio de Janeiro e do ano inteiro. Um peixe fora d´água que se tornou anfíbio. Aprendeu a falar carioca sem sotaque macaibeiro e passou a ser. Andava por Copacabana, Leblon, Ipanema e algures como Marco Polo no Cipão. Depois de gastar tanto as solas dos andadores sapatos, verificou que apesar de diferentes da rua do Pernambuquinho, das Cinco Bocas e do Porto das Macaíbas, os afluentes do rio eram iguais, porque, tal como bem o disse o sábio beiradeiro Manoel Onofre a respeito de sua serra, no “Caçador de Jandaíras”, era Macaíba que levava consigo aonde quer que fosse.
Tentou ser um carioca postiço. Lutou para afastar as suas origens, não por vergonha ou arrependimento, mas porque queria criar raízes, aprumar-se, ter um rumo definido para sentar praça neste mundão de Deus. Afinal, ouvira seu pai dizer, “em Roma como os romanos”. Mimetizar-se, ser igual ao camaleão, o louva-Deus, o bicho-pau, era de boa guia para escapar aos predadores de paus de arara.
Com o tempo, o Rio ficou pequeno, quase um córregozinho para a visão pós-horizontina dele. Afivelou as malas e danou-se pelos ocos do mundo. Só não foi onde não quis, porque não quis. Mas tem sustança para falar de Seca e Meca, do que viu e que quase não acreditou, só dando crédito porque os seus olhos, que a terra há de comer, foram testemunhas de vista, a mais acreditada das provas.
(`Qui pra nós, não é pra mode gabá-lo, mas até conheceu umas figurinhas carimbadas da História do Brasil: Sua Alteza, o Príncipe Dom Eudes de Orleans e Bragança e sua digníssima consorte, a princesa Mercedes, o compositor Herivelto Martins, o cantor e compositor Luiz Vieira, entre outros).
De vez em vez batia uma mistura de calundu com banzo, uma raiva dos costumes estranhos e uma saudade da vida de quintal e de terreiro que tivera, tanta, que o deixava em maus lençóis de edredom em pleno calor.
Abandonou o emprego, onde andava sem sair do lugar, e decidiu fazer um estágio para voltar às origens. Deu por si em Itumbiara, na distante Goiás, onde morava a sua irmã Natércia. Precisava readaptar-se e nada melhor que um mergulho em profundidade nos sertões recônditos do Brasil
Fui revê-lo já iniciado os anos oitenta, graduado pela Faculdade Nacional de Direito.
Eu havia instalado uma editora e ele buscava a publicação do livro “Apólogos do Nascer do Sol”. Então ele prestava assessoria a Valério Mesquita, paradigma-macaibense, na Fundação José Augusto. Ajustamos os detalhes da edição e, desde então, tornamo-nos amigos e, a intimidade me trouxe uma visão mais acurada da alma Janseniana.
Mantinhamos afinidades várias: no gosto pela boa música – as suítes para cello de Bach, interpretadas por Yo-Yo Ma – os amarelos e azuis delirantes, os corvos, os trigais, os girassóis e, as noites estreladas de Van Gogh, o paisagismo sépia de Vermeer, as figuras andróginas e os santificados de Caravaggio; as leituras inquietantes, que nos roubavam o sono e nos punham em estado de dúvida – Saramago, Thomas Hardy, Kazantzakis, Kafka – e o providencial Kardec, o recorrente Kardec.
Também o amor pela natureza e uma especial atração pelos pássaros e pelas flores. O meu amigo ama os canários e as orquídeas; eu, os bemtevis, os golinhas; os jasmins, os bugaris e as açucenas. O jogo de cartas (buraco) sempre em dupla comigo, tendo como adversárias a minha mulher, Jailza e a amiga querida Lélia Silveira; e o cinema.
Assim como eu, também ama os casarões, os velhos abrigos grávidos de história, com uma alma imortal. Por isso habitou por longo tempo o Solar da Madalena, onde se deleitava como se fora donatário de um império. Ali criou cavalos e bois, marrecos, patos imperiais, cisnes, cacatuas, aleitou orquídeas, estimulou jasmineiros, cultivou mais amigos do mundo espiritual, deu à luz livros e composições. Foi um grand seigneur, como lhe é dado ser.
Trato do amigo Jansen Leiros Ferreira, um multifário – escritor, musicista, pintor bissexto, compositor, geneticista, evangelizador com surpreendente fluência verbal e cidadão do mundo, com périplos na Oropa, França e Bahia. Habitante daqui e d´algures, onde o conduza a sua vontade liberta e independente de passarinho nunca exilado nem vítima dos alçapões da vida.
Jansen crê num único repositório da verdade absoluta: a doutrina espírita kardecista, a partir do Evangelho Segundo o Espiritismo. Quanto ao resto tudo se concentra num relativismo que a dialética ajuda a esclarecer. Sectário? Não, crente. Se não fosse essa fé que guarda no destino do homem, na sua verdadeira natureza e condição humana, talvez já tivesse migrado para o nihilismo, tantos e tamanhos foram os desencontros que testemunhou e vivenciou, ele próprio.
Não fosse a certeza que acalenta da existência de uma planilha cármica, proposta pelo próprio ser, onerado pelas obrigações pretéritas não realizadas em trânsito para outra existência, jamais entenderia porque tanto sofrimento e tantas frustrações amealhadas pelos que se conduzem com moderação, equilíbrio e um quê de bondade herdada do Criador, mesmo mesclada pelas nódoas da constituição humana.
Nem porque aqueles que se excetuam do contexto do “povo de Deus” obtém tanto sucesso material, tantos teres e haveres e são donatários do poder , da glória...e da impunidade.
Pacificou-se desde que se descobriu habitante de dois planos sensoriais: um, dito real, que emerge dos sentidos humanos comuns; outro, que se distingue do primeiro porque não se revela pelo olfato, paladar, visão, audição ou tato, embora também possa assim ser expresso, mas pela possibilidade de enxergar, escutar, comunicar-se e sentir com a alma. E até concede como recurso argumentativo – com a mente, para que se aquietem os investigadores (quase dizia os “inquisidores”) científicos.
Quantas e quantas infinitas vezes tresvariou e foi harmonizado pela fé, por amigos invisíveis, que nunca o deixaram em solidão?
E também porque, nessas ocasiões, procura compensar-se, dando testemunho da sua crença e reforço à sua missão evangélica, escrevendo os seus comoventes romances espíritas, de sua própria lavra, embora intuídos pelos habitantes do mundo invisível.
Talvez seja o autor espírita norte-rio-grandense com o maior número de títulos publicados sobre a temática espírita, sem prejuízo da qualidade das escrituras. São obras de ficção com conteúdo moral, destinadas a servirem de referência ao processo de desconstrução e reconstrução do ser humano, no milênio de sua redenção.
Aliás, transijo. Não sei se posso classificá-las como ficção, já que a arte imita a vida e também porque elas ou são sussurradas ao ouvido do meu amigo ou lhes são sugeridas.
Fragmentos de Reflexões, Contos de Entardecer, Apólogos do Nascer do Sol, Prelúdios de um Novo Dia, Adágio de Esperanças (o seu preferido), Sonata do Alvorecer de Aquarius, Garimpando a Luz e o recém-lançado Aleluia do Homem Novo. No prelo, a única obra memorial, as encarnações da irmã Daphne, falecida tragicamente: Daphne – Compromissos e Resgates.
Esse último livro foi escrito a partir do pedido da própria irmã, através de uma médium que participava de um congresso espírita. O autor faz o seguinte relato: “...fui assistir à palestra da médium Marilusa Vasconcelos, portadora de mediunidade pictórica que, em brevíssimo tempo executava quadros representativos dos mais célebres pintores do mundo...De repente fui atraído pelo questionamento de alguém que consultava a platéia para saber se havia algum parente de Daphne. Se houvesse, que subisse ao palco pois havia uma mensagem. Subi e quando a médium me identificou disse-me que a mensagem era a seguinte: “Jansen conte a história das minhas existências. Beije meus pais e minha irmã”.
Em seguida, a médium entregou-me uma tela que mostrava um rosto de mulher envolto em chamas – tal como a minha irmã caçula havia desencarnado.”
O meu amigo tem dupla natureza, eis que usina magnetismo. Nele habitam dois seres antípodas: Janjão e Filisteu.
O primeiro teria sido sanfoneiro nas folganças forrozeiras e nas trabalhosas feiras de Macaíba, daí o nome Janjão Sofoneiro (assim mesmo). Teria sido um espírito bonachão, cheio de prosa e repentes, riso emoldurado na boca escancarada. Um boêmio colecionador de noites de dança, sanfoneios e cerveja. Sem eira nem beira, desenraizado por querer, espalhava-se pelas quebradas do agreste de Coité. Já que só tinha ele, era ele mesmo.
Quando desencarnado, Deus aproveitou a sua alegria e o mandou ser cantor e tocador no coro de anjos. Tornou-se, no plano evolutivo, um missionário contemplativo, mais para o Zen budismo que para o esoterismo. Era esse-um que habitava Jansen: uma alma poética, reflexiva, amante da natureza, mal comparando, um sertanejo diria sem querer ofender, que era como um boi capinando, aquela placidez bovina de quem não sabe a força que tem e não está nem aí para tal sabença. Queria mesmo era poetar, encher os olhos de beleza e estar em paz com Deus.
Aquele-outro era diferente.Olho raiado de vermelho, nó na goela, cara mais trancada que baú de pão-duro, era rancoroso, mandão e brabo. Que ninguém se metesse a besta ou o cipó brocha ou o relho assobiava e o lombo era lenhado. Besta-fera do cangaço, fez trato com o tinhoso para fechar o corpo e encorpar a valentia.
Quando se foi desse mundo, ficou entrevado e, depois de muita teima dos seus benfeitores, encastoou-se em Jansen, para aproveitar a valia de Janjão e o azougue do médium.
Vez em quando, pegava Janjão dormindo e o guardião sanfoneiro de guarda arriada e dava trabalho, apresentando-se como se fosse o pobre do encarnado. Vixe Maria! Aí se espalhava e quem não quisesse sobra que saísse de perto.
Isso explica o vai-e-vem dos bons e maus instantes do meu amigo. Aliás, todos temos os nossos Janjões e Filisteus, com outros nomes. Os mais afortunados e letrados, com nomes impronunciáveis tirados da psicologia e da psiquiatria. Os mais precisados, com “encostos” que atendem pelos nomes conhecidos das artes das mandingas.
Jansen é exímio pianista, tendo sido aluno do Maestro Waldemar de Almeida, Dulce Cicco, Nilda Guerra Cunha Lima, Gerardo Parente e José Kaplan. Estudou canto com a Professora Atenilde Cunha e Nino Crime e regência coral com Pedro Santos e Padre Pedro Ferreira. Criou a “Camerata Oswaldo de Souza” e o “Quinteto Oficina”.
Compositor de uma dezena de peças harmonizadas para orquestra de cordas, estas foram apresentadas em concerto realizado pela referida Camerata, na Aliança Francesa, em homenagem à irmã Daphne.
Orador com fluência verbal e voz empostada, é freqüentemente convidado a proferir palestras nos diversos centros espíritas daqui e de outras cidades.
Seu amor pelos animais em geral e em particular pelas aves o fez pesquisador da genética, processando inúmeros e bem sucedidos cruzamentos. Já foi juiz do Kennel Club do Rio de Janeiro, onde morou, criou cavalos e gado de raça, galinhas e canários belgas, tendo sido presidente da Associação dos Canaricultores do Rn.
Sua maior paixão, no entanto, foi a criação experimental de aves de cor branca, resultado de minuciosa busca e pesquisa de cruzamento genético. No Solar da Madalena, onde morou longo tempo, manteve um plantel composto por galinhas Leghorn, perus, patos marrecos, gansos, guinés, uma cacatua e um bando de cisnes, todos imaculadamente brancos. Por que? Quem sabe...talvez impulso estético, a sublimação da pureza para as aves, seres divinos...
Porque Jansen é um esteta disciplinado. O modo como se veste, com aprumo, método e harmonia uniformista, revelam essa preocupação. Sapatos combinando com cinturão e pulseira do relógio; camisa da cor do mostrador do relógio e das meias; geralmente usa paletó, nesse caso, a gravata tem de se harmonizar com a cor do terno. É um dândi.
Sua formação jurídica o levou à advocacia, em Natal iniciou-se no ofício no escritório de Nei Marinho, depois se estabelecendo como profissional liberal autônomo. Foi juiz substituto do Tribunal Regional Eleitoral, Assessor Jurídico do Estado do Rio Grande do Norte e Presidente do Tribunal de Ètica da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Ostenta diversas honrarias – títulos, comendas e homenagens – é sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e membro da União Brasileira de Escritores/Rn.
Atualmente, aposentado do serviço público estadual, pratica a advocacia e é Assessor de Relações Institucionais da Federação do Comércio do Rio Grande do Norte, cargo que exerce com maestria, pois, cidadão do mundo e cultivador de relações pessoais, nada mais faz do que ser o que é.
Mas, os seus maiores galardões talvez tenham sido a de filho do honrado Aguinaldo e da dedicada e terna Leonor, sua mãe – que perdeu a beleza do nome, registrando-se apenas Maria, por esquisitice do tabelião. Pai de seis filhos, muito especialmente da doce Maria Leonor, recolhida por Deus para a semeadura do carinho entre os aflitos. E dez netos. Fechando com chave de ouro o ciclo efêmero do seu trânsito planetário, Deus o abençoou no reencontro com Anair, a que tem sido um pouco do seu quase tudo, a compensação dos muitos sofreres e desencontros, companheira, companheira, companheira...
PEDRO SIMÕES – Professor de Direito aposentado. Escritor e Advogado.
No reino muito próximo e muito próspero da Macaíba, um menino mal saído dos cueiros gostava de acordar antes dos galos, para saudar a fundação do dia e ouvir os seus acordes. Atravessava com muito cuidado os vãos da pequena casa da rua Benjamin Constant, vencendo com dificuldade a ainda reinante escuridão e, pela porta dos fundos, tomava o rumo do curral onde o pai mantinha sempre meia dúzia de vacas para o leite doméstico.
Seu pouso era o tanque de beber dos animais. Lá, punha-se de pé numa das paredes do bebedouro e se esticava, alongando o olhar na direção da longínqua ponte de igapó, nas quase brevidades do pressentido rio Jundiái.
Ali, aguardava que o dia se mostrasse.
Fascinava-o o lento e mágico alvorecer. A tímida mas determinada luz precursora de um sol ainda em trânsito do outro lado do mundo, que punha claridade no negror, azulejando-o. Depois, apresentava-se numa convulsão cinza-claro se esbranquiçando, já mesclado com estertores da agonia escarlate, sugerindo um parto sanguinolento e, afinal a criança alva vindo à luz, gloriosa qual o Cristo ressuscitado.
Era quando olhava ao derredor, uma rotina que o tranqüilizava e aumentava o seu domínio da beleza. Conferia as suas posses visuais: o pomar verde pontilhado de promessas multicoloridas, cheio de vida animal que dele se nutria. Até escolhera a sua árvore: um pé de pinha. Mas sabia que a rainha do terreiro era uma jaboticabeira, porque era árvore ritual da antiga vila de Coité, que definia uma época em que todos a celebravam, como doce e sumarenta excentricidade, nascida tão agarradinha ao tronco, como a criança ao ventre materno.
E se fascinava com os arautos da manhã. Primeiro, o galo despertador; depois, os resmungos dos perús e das galinhas alvoroçadas. O grito desagradável do pavão e o tô fraco falso e acanalhado dos guinés. Até mesmo o zurrar do burro sendo acangalhado para o transporte de água.
Mas o seu deleite eram os pássaros, aquelas pequeninas e maravilhosas criações de Deus para alegrar as criaturas. Especialmente os sabiás, bem-te-vís e canários e também os azulões. Até mesmo o crocitar dos gaviões o encantava. Era tudo testemunho de vida.
Observava os volteios elegantes e graciosos dos beija-flores e das libélulas, a sem cerimônia das borboletas, pousando onde queriam. E, antes que o dia estivesse definitivamente instalado, dizia aos seus amigos invisíveis que não precisava de nenhuma prova da existência de Deus. Estava satisfeito e consciente da sua onipresença, a sua obra o autenticava.
Esses amigos somente ele enxergava. Gente desconhecida, uns solenes, outros simples. Sentia-se à vontade com o avô adotivo paterno, Neco Freire, que lhe transmitia recados para o filho, seu pai, a respeito de assuntos os mais variados, desde o pedido de cautela com certa iniciativa até orientações para a vida de relações.
Felizmente, nascera numa família espírita, onde se acreditava na transmigração das almas a partir da reencarnação. E da possibilidade de comunicação com os que já morreram. Por conta desses dons, tornara-se mal visto pelos companheiros, como fosse uma espécie esquisita.
Imagine-se numa época de extremos saberes, em que pontificava, de um lado, os dogmas religiosos, e do outro uma intolerante ciência que também punha os seus dogmas como verdades absolutas. Onde se situaria uma criança cheia de imaginosos amigos invisíveis, em diálogos diários com o avô falecido?
Reprimiu as revelações, mantendo-as para si mesmo e para um grupo restrito de familiares.
Mas a “fatalidade” o perseguia. Foi estudar no Grupo Escolar Auta de Souza, onde havia nascido a poeta do “Horto” e lá, todos os dias, a notável macaibense postava-se ao seu lado, estimulando-o e o auxiliando nas lições. O menino sabia quando ela chegava porque sentia um forte cheiro de jasmin.
(Certa vez andava no velocípede no chão de mosaicos da sua casa, quando uma figura feminina, muito magra e pequenina, cercada por um halo muito luminoso, atravessou a sala de um a outro vértice, sorrindo para a criança, como um anjo o faria. A primeira reação foi a de gritar para que alguém o socorresse. Depois, foi sendo envolvido por uma paz, um conforto que o relaxou. Teria uns cinco a seis anos. Já era a sua “madrinha” assegurando-lhe proteção)
E ela o acompanhou a vida inteira. Se não aproveitou as orientações recebidas, foi por pura rebeldia ou enfado, um cansaço existencial que acomete os que derivam para outros planos sensoriais, cercando-se de regras e princípios inflexíveis, afastando-os do humano e achegando-os para o divino. Um fardo muito pesado, sobretudo para a criança.
Até hoje não soube porque a iluminada conterrânea o cerca com tanto carinho e tanto zelo. Talvez, cogita, afinidade poética, raízes telúricas, a sua alma peregrina e penitente...
(Pouca gente leu Unamuno, que é recorrente para mim, senão concordaria com o filósofo espanhol quando afirmou que “Aquilo a que chamamos espírito parece-me muito mais material do que aquilo a que chamamos matéria; sinto a minha alma mais manifesta e mais sensível do que o meu corpo.”)
Foi estudar em Natal, no Ginásio Sete de Setembro, depois, no Colégio Marista e finalmente, no Atheneu.
Retornou a Macaiba após casar-se, aos dezoito anos. Em decorrência da responsabilidade assumida, foi trabalhar na Cooperativa Banco Auxiliar do Comércio , de Jessé Freire. Alguns anos depois, foi nomeado para o Instituto do Açúcar e do Álcool, onde trabalhou durante... anos.
Conheci-o na velha Faculdade de Direito da Ribeira, em 1963. Estava no primeiro ano de direito e ele já no quarto ano. Candidato á Presidência do Diretório Acadêmico Amaro Cavalcanti, pelo bloco da esquerda, os estrategistas da sua campanha entendiam que o candidato a Vice-Presidente da sua chapa deveria ser alguém do primeiro ano, a turma mais numerosa, e que polarizasse votos de outros segmentos.
Então eu era ligado aos intelectuais, aos desportistas, pois era um bom atleta de voleibol e de basquete, e também ligado à esquerda. Além disso, segundo os mesmos analistas, depois que aprovaram o meu nome, eu era bem apessoado e “moderno”, dado às festas e eventos sociais, agradando ao eleitorado feminino.
Como já referi nesta mesma série, quando retratei o amigo Manoel Onofre Júnior, da minha chapa só eu fui eleito. E foi a minha desdita, pois, por circunstâncias alheias à minha vontade, assumi a Presidência do Diretório em razão do seu titular haver assumido a Presidência do Diretório Central Universitário. Corria o ano de 1964 e, pelo simples fato de me destacar como liderança estudantil, e no ambiente universitário, fui devidamente estigmatizado, como tantos outros companheiros ditos “de esquerda”.
O meu candidato à presidência, por determinação pessoal conseguiu transferir-se da Delegacia de Natal do IAA para o Rio de Janeiro.
Desatinou-se, e num dia tempestuoso, desaguou no Rio de Janeiro e do ano inteiro. Um peixe fora d´água que se tornou anfíbio. Aprendeu a falar carioca sem sotaque macaibeiro e passou a ser. Andava por Copacabana, Leblon, Ipanema e algures como Marco Polo no Cipão. Depois de gastar tanto as solas dos andadores sapatos, verificou que apesar de diferentes da rua do Pernambuquinho, das Cinco Bocas e do Porto das Macaíbas, os afluentes do rio eram iguais, porque, tal como bem o disse o sábio beiradeiro Manoel Onofre a respeito de sua serra, no “Caçador de Jandaíras”, era Macaíba que levava consigo aonde quer que fosse.
Tentou ser um carioca postiço. Lutou para afastar as suas origens, não por vergonha ou arrependimento, mas porque queria criar raízes, aprumar-se, ter um rumo definido para sentar praça neste mundão de Deus. Afinal, ouvira seu pai dizer, “em Roma como os romanos”. Mimetizar-se, ser igual ao camaleão, o louva-Deus, o bicho-pau, era de boa guia para escapar aos predadores de paus de arara.
Com o tempo, o Rio ficou pequeno, quase um córregozinho para a visão pós-horizontina dele. Afivelou as malas e danou-se pelos ocos do mundo. Só não foi onde não quis, porque não quis. Mas tem sustança para falar de Seca e Meca, do que viu e que quase não acreditou, só dando crédito porque os seus olhos, que a terra há de comer, foram testemunhas de vista, a mais acreditada das provas.
(`Qui pra nós, não é pra mode gabá-lo, mas até conheceu umas figurinhas carimbadas da História do Brasil: Sua Alteza, o Príncipe Dom Eudes de Orleans e Bragança e sua digníssima consorte, a princesa Mercedes, o compositor Herivelto Martins, o cantor e compositor Luiz Vieira, entre outros).
De vez em vez batia uma mistura de calundu com banzo, uma raiva dos costumes estranhos e uma saudade da vida de quintal e de terreiro que tivera, tanta, que o deixava em maus lençóis de edredom em pleno calor.
Abandonou o emprego, onde andava sem sair do lugar, e decidiu fazer um estágio para voltar às origens. Deu por si em Itumbiara, na distante Goiás, onde morava a sua irmã Natércia. Precisava readaptar-se e nada melhor que um mergulho em profundidade nos sertões recônditos do Brasil
Fui revê-lo já iniciado os anos oitenta, graduado pela Faculdade Nacional de Direito.
Eu havia instalado uma editora e ele buscava a publicação do livro “Apólogos do Nascer do Sol”. Então ele prestava assessoria a Valério Mesquita, paradigma-macaibense, na Fundação José Augusto. Ajustamos os detalhes da edição e, desde então, tornamo-nos amigos e, a intimidade me trouxe uma visão mais acurada da alma Janseniana.
Mantinhamos afinidades várias: no gosto pela boa música – as suítes para cello de Bach, interpretadas por Yo-Yo Ma – os amarelos e azuis delirantes, os corvos, os trigais, os girassóis e, as noites estreladas de Van Gogh, o paisagismo sépia de Vermeer, as figuras andróginas e os santificados de Caravaggio; as leituras inquietantes, que nos roubavam o sono e nos punham em estado de dúvida – Saramago, Thomas Hardy, Kazantzakis, Kafka – e o providencial Kardec, o recorrente Kardec.
Também o amor pela natureza e uma especial atração pelos pássaros e pelas flores. O meu amigo ama os canários e as orquídeas; eu, os bemtevis, os golinhas; os jasmins, os bugaris e as açucenas. O jogo de cartas (buraco) sempre em dupla comigo, tendo como adversárias a minha mulher, Jailza e a amiga querida Lélia Silveira; e o cinema.
Assim como eu, também ama os casarões, os velhos abrigos grávidos de história, com uma alma imortal. Por isso habitou por longo tempo o Solar da Madalena, onde se deleitava como se fora donatário de um império. Ali criou cavalos e bois, marrecos, patos imperiais, cisnes, cacatuas, aleitou orquídeas, estimulou jasmineiros, cultivou mais amigos do mundo espiritual, deu à luz livros e composições. Foi um grand seigneur, como lhe é dado ser.
Trato do amigo Jansen Leiros Ferreira, um multifário – escritor, musicista, pintor bissexto, compositor, geneticista, evangelizador com surpreendente fluência verbal e cidadão do mundo, com périplos na Oropa, França e Bahia. Habitante daqui e d´algures, onde o conduza a sua vontade liberta e independente de passarinho nunca exilado nem vítima dos alçapões da vida.
Jansen crê num único repositório da verdade absoluta: a doutrina espírita kardecista, a partir do Evangelho Segundo o Espiritismo. Quanto ao resto tudo se concentra num relativismo que a dialética ajuda a esclarecer. Sectário? Não, crente. Se não fosse essa fé que guarda no destino do homem, na sua verdadeira natureza e condição humana, talvez já tivesse migrado para o nihilismo, tantos e tamanhos foram os desencontros que testemunhou e vivenciou, ele próprio.
Não fosse a certeza que acalenta da existência de uma planilha cármica, proposta pelo próprio ser, onerado pelas obrigações pretéritas não realizadas em trânsito para outra existência, jamais entenderia porque tanto sofrimento e tantas frustrações amealhadas pelos que se conduzem com moderação, equilíbrio e um quê de bondade herdada do Criador, mesmo mesclada pelas nódoas da constituição humana.
Nem porque aqueles que se excetuam do contexto do “povo de Deus” obtém tanto sucesso material, tantos teres e haveres e são donatários do poder , da glória...e da impunidade.
Pacificou-se desde que se descobriu habitante de dois planos sensoriais: um, dito real, que emerge dos sentidos humanos comuns; outro, que se distingue do primeiro porque não se revela pelo olfato, paladar, visão, audição ou tato, embora também possa assim ser expresso, mas pela possibilidade de enxergar, escutar, comunicar-se e sentir com a alma. E até concede como recurso argumentativo – com a mente, para que se aquietem os investigadores (quase dizia os “inquisidores”) científicos.
Quantas e quantas infinitas vezes tresvariou e foi harmonizado pela fé, por amigos invisíveis, que nunca o deixaram em solidão?
E também porque, nessas ocasiões, procura compensar-se, dando testemunho da sua crença e reforço à sua missão evangélica, escrevendo os seus comoventes romances espíritas, de sua própria lavra, embora intuídos pelos habitantes do mundo invisível.
Talvez seja o autor espírita norte-rio-grandense com o maior número de títulos publicados sobre a temática espírita, sem prejuízo da qualidade das escrituras. São obras de ficção com conteúdo moral, destinadas a servirem de referência ao processo de desconstrução e reconstrução do ser humano, no milênio de sua redenção.
Aliás, transijo. Não sei se posso classificá-las como ficção, já que a arte imita a vida e também porque elas ou são sussurradas ao ouvido do meu amigo ou lhes são sugeridas.
Fragmentos de Reflexões, Contos de Entardecer, Apólogos do Nascer do Sol, Prelúdios de um Novo Dia, Adágio de Esperanças (o seu preferido), Sonata do Alvorecer de Aquarius, Garimpando a Luz e o recém-lançado Aleluia do Homem Novo. No prelo, a única obra memorial, as encarnações da irmã Daphne, falecida tragicamente: Daphne – Compromissos e Resgates.
Esse último livro foi escrito a partir do pedido da própria irmã, através de uma médium que participava de um congresso espírita. O autor faz o seguinte relato: “...fui assistir à palestra da médium Marilusa Vasconcelos, portadora de mediunidade pictórica que, em brevíssimo tempo executava quadros representativos dos mais célebres pintores do mundo...De repente fui atraído pelo questionamento de alguém que consultava a platéia para saber se havia algum parente de Daphne. Se houvesse, que subisse ao palco pois havia uma mensagem. Subi e quando a médium me identificou disse-me que a mensagem era a seguinte: “Jansen conte a história das minhas existências. Beije meus pais e minha irmã”.
Em seguida, a médium entregou-me uma tela que mostrava um rosto de mulher envolto em chamas – tal como a minha irmã caçula havia desencarnado.”
O meu amigo tem dupla natureza, eis que usina magnetismo. Nele habitam dois seres antípodas: Janjão e Filisteu.
O primeiro teria sido sanfoneiro nas folganças forrozeiras e nas trabalhosas feiras de Macaíba, daí o nome Janjão Sofoneiro (assim mesmo). Teria sido um espírito bonachão, cheio de prosa e repentes, riso emoldurado na boca escancarada. Um boêmio colecionador de noites de dança, sanfoneios e cerveja. Sem eira nem beira, desenraizado por querer, espalhava-se pelas quebradas do agreste de Coité. Já que só tinha ele, era ele mesmo.
Quando desencarnado, Deus aproveitou a sua alegria e o mandou ser cantor e tocador no coro de anjos. Tornou-se, no plano evolutivo, um missionário contemplativo, mais para o Zen budismo que para o esoterismo. Era esse-um que habitava Jansen: uma alma poética, reflexiva, amante da natureza, mal comparando, um sertanejo diria sem querer ofender, que era como um boi capinando, aquela placidez bovina de quem não sabe a força que tem e não está nem aí para tal sabença. Queria mesmo era poetar, encher os olhos de beleza e estar em paz com Deus.
Aquele-outro era diferente.Olho raiado de vermelho, nó na goela, cara mais trancada que baú de pão-duro, era rancoroso, mandão e brabo. Que ninguém se metesse a besta ou o cipó brocha ou o relho assobiava e o lombo era lenhado. Besta-fera do cangaço, fez trato com o tinhoso para fechar o corpo e encorpar a valentia.
Quando se foi desse mundo, ficou entrevado e, depois de muita teima dos seus benfeitores, encastoou-se em Jansen, para aproveitar a valia de Janjão e o azougue do médium.
Vez em quando, pegava Janjão dormindo e o guardião sanfoneiro de guarda arriada e dava trabalho, apresentando-se como se fosse o pobre do encarnado. Vixe Maria! Aí se espalhava e quem não quisesse sobra que saísse de perto.
Isso explica o vai-e-vem dos bons e maus instantes do meu amigo. Aliás, todos temos os nossos Janjões e Filisteus, com outros nomes. Os mais afortunados e letrados, com nomes impronunciáveis tirados da psicologia e da psiquiatria. Os mais precisados, com “encostos” que atendem pelos nomes conhecidos das artes das mandingas.
Jansen é exímio pianista, tendo sido aluno do Maestro Waldemar de Almeida, Dulce Cicco, Nilda Guerra Cunha Lima, Gerardo Parente e José Kaplan. Estudou canto com a Professora Atenilde Cunha e Nino Crime e regência coral com Pedro Santos e Padre Pedro Ferreira. Criou a “Camerata Oswaldo de Souza” e o “Quinteto Oficina”.
Compositor de uma dezena de peças harmonizadas para orquestra de cordas, estas foram apresentadas em concerto realizado pela referida Camerata, na Aliança Francesa, em homenagem à irmã Daphne.
Orador com fluência verbal e voz empostada, é freqüentemente convidado a proferir palestras nos diversos centros espíritas daqui e de outras cidades.
Seu amor pelos animais em geral e em particular pelas aves o fez pesquisador da genética, processando inúmeros e bem sucedidos cruzamentos. Já foi juiz do Kennel Club do Rio de Janeiro, onde morou, criou cavalos e gado de raça, galinhas e canários belgas, tendo sido presidente da Associação dos Canaricultores do Rn.
Sua maior paixão, no entanto, foi a criação experimental de aves de cor branca, resultado de minuciosa busca e pesquisa de cruzamento genético. No Solar da Madalena, onde morou longo tempo, manteve um plantel composto por galinhas Leghorn, perus, patos marrecos, gansos, guinés, uma cacatua e um bando de cisnes, todos imaculadamente brancos. Por que? Quem sabe...talvez impulso estético, a sublimação da pureza para as aves, seres divinos...
Porque Jansen é um esteta disciplinado. O modo como se veste, com aprumo, método e harmonia uniformista, revelam essa preocupação. Sapatos combinando com cinturão e pulseira do relógio; camisa da cor do mostrador do relógio e das meias; geralmente usa paletó, nesse caso, a gravata tem de se harmonizar com a cor do terno. É um dândi.
Sua formação jurídica o levou à advocacia, em Natal iniciou-se no ofício no escritório de Nei Marinho, depois se estabelecendo como profissional liberal autônomo. Foi juiz substituto do Tribunal Regional Eleitoral, Assessor Jurídico do Estado do Rio Grande do Norte e Presidente do Tribunal de Ètica da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Ostenta diversas honrarias – títulos, comendas e homenagens – é sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e membro da União Brasileira de Escritores/Rn.
Atualmente, aposentado do serviço público estadual, pratica a advocacia e é Assessor de Relações Institucionais da Federação do Comércio do Rio Grande do Norte, cargo que exerce com maestria, pois, cidadão do mundo e cultivador de relações pessoais, nada mais faz do que ser o que é.
Mas, os seus maiores galardões talvez tenham sido a de filho do honrado Aguinaldo e da dedicada e terna Leonor, sua mãe – que perdeu a beleza do nome, registrando-se apenas Maria, por esquisitice do tabelião. Pai de seis filhos, muito especialmente da doce Maria Leonor, recolhida por Deus para a semeadura do carinho entre os aflitos. E dez netos. Fechando com chave de ouro o ciclo efêmero do seu trânsito planetário, Deus o abençoou no reencontro com Anair, a que tem sido um pouco do seu quase tudo, a compensação dos muitos sofreres e desencontros, companheira, companheira, companheira...
PEDRO SIMÕES – Professor de Direito aposentado. Escritor e Advogado.
terça-feira, 6 de julho de 2010
A CNC E O SISTEMA FECOMÉRCIO
Jansen Leiros (*)
A partir da edição do Decreto-Lei nº 5452, de 1º de maio de 1943, foram instituídos os primeiros órgãos representativos dos segmentos produtivos do Brasil, sob o modelo jurídico de Confederação, aglutinando as Federações estaduais que, por sua vez, são constituídas por sindicatos de diversas categorias laborativas. A partir daí, foram criadas unidades em alguns setores produtivos, específicos, cujo objetivo principal era investir no capital humano. Isto é, nas pessoas. Essas unidades de serviço são nacionalmente conhecidas como componentes do: “Sistema S”, tais sejam: SENAC, SESC, SESI, SENAI, SEBRAE, SENAT, SEST E SENAR, criadas por normas próprias e que são regidas por CONFEDERAÇÕES E FEDERAÇÕES PATRONAIS de segmentos próprios.
Os órgãos a ela vinculados são: o SENAC, que tem como missão principal formar trabalhadores em atividades do comércio, bens, serviços e turismo (HAVENDO SE TORNADO REFERÊNCIA NACIONAL, EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL) e o SESC, que tem como finalidade a assistência aos empregados do comércio, na conformidade do que dispõe o Decreto nº 61.836.
Em feliz e lúcida matéria de autoria do doutor Ney Lopes Júnior, publicada neste “site”, o articulista diz com muita propriedade: O ‘‘Sistema S’’ é co-responsável histórico pelos alicerces e crescimento da nossa economia, a partir do pós guerra. Na verdade, os empresários brasileiros assumiram a responsabilidade de funções típicas do Estado, nas áreas de educação, esporte, saúde, lazer, pesquisa tecnológica, transportes, agropecuária, cooperativismo e empreendedorismo. O crescimento da economia nacional, em razão do bom momento mundial (crescimento médio de 4.9% entre 2003/2007) leva a maior demanda por mão-de-obra especializada. E aí está a maior contribuição do ‘‘Sistema S’’. O que nos preocupa, são os rumores de que o Governo Federal, não se sabe com que objetivos, tem demonstrado o desejo de proceder modificações no Sistema “S”, Vejamos o que diz o articulista acima, sobre essa matéria: “Fala-se que o Governo com a discussão próxima da reforma tributária ameaça a sobrevivência do chamado ‘‘Sistema S’’ (Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sest, Senat, Senar). A intenção, além de inconstitucional caracteriza profunda lesão aos interesses nacionais – sobretudo dos mais jovens. Num século chamado de ‘‘tecnológico’’, como imaginar-se o Brasil destruir uma experiência vitoriosa de ensino profissionalizante, com mais de 60 anos?
Particularmente, temos nos deparado com um lamentável desconhecimento, pelo povo, pelos usuários desses serviços e, até, por aqueles que integram essas unidades sistêmicas, quanto à finalidade mediata da prestação desses serviços, da assunção, pela iniciativa privada, de obrigações de natureza estatal, cuja gratidão o Estado fica a dever, inclusive pelo não reconhecimento do factual, do evidente, do inquestionável, tal a preciosa prestação de serviços praticada por esses órgãos. Os componentes desse universo, acima citado, desconhecem o que são essas unidades sistêmicas! Desconhecem como surgiram! Desconhecem a motivação dessas atividades de flagrante colaboração, não lhes outorgando o devido valor. Em face dessas circunstâncias, impõe-se que se esclareça, portanto, que: O SISTEMA FECOMERCIO, liderado pela CNC (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO) compõe-se:
A) FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO - (órgão político do sistema, com sede em cada unidade da união federativa), formada por Sindicatos que lhe são filiados.
B) SENAC – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMÉRCIAL – com finalidade e características definidas em sua legislação;
SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – com finalidade e características definidas em legislação própria
A Federação, no Rio Grande do Norte, segue as mesmas regras nacionalmente adotadas pelas congêneres do território nacional, filiadas à CNC. Porém, realça, em sua jurisdição estadual, as atividades voltadas para a qualificação e a formação das pessoas atreladas ao segmento do comércio de bens, serviços e turismo.
De forma dinâmica, intensifica a realização de pesquisas, através do IPDC, apóia o Projeto Crescer executado pelo IEEL. Criou e executa o programa “FECOMERCIO NA TV” e, em parceria com a CDL-Natal, implantou o InDEC-RN - Instituto de Desenvolvimento da Educação para o Comércio - órgão que tem como objeto principal a criação de uma Universidade voltada para o segmento, além de cursos correlatos, como a Escola do Varejo..
Particularmente, a atual administração do Sistema Fecomercio, neste Estado, sob o comando do empresário, Marcelo Fernandes de Queiroz, tem como objetivo principal, e de forma efetiva, intensificar o relacionamento entre o empresariado ao qual dá suporte, e as entidades representativas do setor, de forma a aglutinar suas forças em prol do desenvolvimento das entidades ligadas hierarquicamente à CNC, resgatando a coesão sistêmica.
No primeiro mandato, agora concluído, o grupo gestor da Casa do Comércio do RN, projetou-se pelo dinamismo da equipe liderada por Marcelo Fernandes de Queiroz, através das tarefas realizadas pelo SESC e pelo SENAC - órgãos que dão apoio direto à Federação do Comércio.
Um feito pontual para a gestão Marcelo Queiroz foi a criação do InDEC-RN, cujos objetivos são a criação de pólos correlatos no campo da formação, da qualificação e da habilitação, culminando com a Universidade do Comércio.
Os órgãos a ela vinculados são: o SENAC, que tem como missão principal formar trabalhadores em atividades do comércio, bens, serviços e turismo (HAVENDO SE TORNADO REFERÊNCIA NACIONAL, EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL) e o SESC, que tem como finalidade a assistência aos empregados do comércio, na conformidade do que dispõe o Decreto nº 61.836.
Em feliz e lúcida matéria de autoria do doutor Ney Lopes Júnior, publicada neste “site”, o articulista diz com muita propriedade: O ‘‘Sistema S’’ é co-responsável histórico pelos alicerces e crescimento da nossa economia, a partir do pós guerra. Na verdade, os empresários brasileiros assumiram a responsabilidade de funções típicas do Estado, nas áreas de educação, esporte, saúde, lazer, pesquisa tecnológica, transportes, agropecuária, cooperativismo e empreendedorismo. O crescimento da economia nacional, em razão do bom momento mundial (crescimento médio de 4.9% entre 2003/2007) leva a maior demanda por mão-de-obra especializada. E aí está a maior contribuição do ‘‘Sistema S’’. O que nos preocupa, são os rumores de que o Governo Federal, não se sabe com que objetivos, tem demonstrado o desejo de proceder modificações no Sistema “S”, Vejamos o que diz o articulista acima, sobre essa matéria: “Fala-se que o Governo com a discussão próxima da reforma tributária ameaça a sobrevivência do chamado ‘‘Sistema S’’ (Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sest, Senat, Senar). A intenção, além de inconstitucional caracteriza profunda lesão aos interesses nacionais – sobretudo dos mais jovens. Num século chamado de ‘‘tecnológico’’, como imaginar-se o Brasil destruir uma experiência vitoriosa de ensino profissionalizante, com mais de 60 anos?
Particularmente, temos nos deparado com um lamentável desconhecimento, pelo povo, pelos usuários desses serviços e, até, por aqueles que integram essas unidades sistêmicas, quanto à finalidade mediata da prestação desses serviços, da assunção, pela iniciativa privada, de obrigações de natureza estatal, cuja gratidão o Estado fica a dever, inclusive pelo não reconhecimento do factual, do evidente, do inquestionável, tal a preciosa prestação de serviços praticada por esses órgãos. Os componentes desse universo, acima citado, desconhecem o que são essas unidades sistêmicas! Desconhecem como surgiram! Desconhecem a motivação dessas atividades de flagrante colaboração, não lhes outorgando o devido valor. Em face dessas circunstâncias, impõe-se que se esclareça, portanto, que: O SISTEMA FECOMERCIO, liderado pela CNC (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO) compõe-se:
A) FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO - (órgão político do sistema, com sede em cada unidade da união federativa), formada por Sindicatos que lhe são filiados.
B) SENAC – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMÉRCIAL – com finalidade e características definidas em sua legislação;
SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – com finalidade e características definidas em legislação própria
A Federação, no Rio Grande do Norte, segue as mesmas regras nacionalmente adotadas pelas congêneres do território nacional, filiadas à CNC. Porém, realça, em sua jurisdição estadual, as atividades voltadas para a qualificação e a formação das pessoas atreladas ao segmento do comércio de bens, serviços e turismo.
De forma dinâmica, intensifica a realização de pesquisas, através do IPDC, apóia o Projeto Crescer executado pelo IEEL. Criou e executa o programa “FECOMERCIO NA TV” e, em parceria com a CDL-Natal, implantou o InDEC-RN - Instituto de Desenvolvimento da Educação para o Comércio - órgão que tem como objeto principal a criação de uma Universidade voltada para o segmento, além de cursos correlatos, como a Escola do Varejo..
Particularmente, a atual administração do Sistema Fecomercio, neste Estado, sob o comando do empresário, Marcelo Fernandes de Queiroz, tem como objetivo principal, e de forma efetiva, intensificar o relacionamento entre o empresariado ao qual dá suporte, e as entidades representativas do setor, de forma a aglutinar suas forças em prol do desenvolvimento das entidades ligadas hierarquicamente à CNC, resgatando a coesão sistêmica.
No primeiro mandato, agora concluído, o grupo gestor da Casa do Comércio do RN, projetou-se pelo dinamismo da equipe liderada por Marcelo Fernandes de Queiroz, através das tarefas realizadas pelo SESC e pelo SENAC - órgãos que dão apoio direto à Federação do Comércio.
Um feito pontual para a gestão Marcelo Queiroz foi a criação do InDEC-RN, cujos objetivos são a criação de pólos correlatos no campo da formação, da qualificação e da habilitação, culminando com a Universidade do Comércio.
(*) –Escritor e Advogado
sexta-feira, 11 de junho de 2010
NOVO PERFIL DA GESTÃO EMPRESARIAL
É ontológico que qualquer construção, para ser bem sucedida, carece de que seus executores trabalhem com esmero seus alicerces. Faz-se necessário que o projeto seja cercado de cuidados e segurança; que seja bem planejado e respaldado nos resultados de pesquisas bem elaboradas. Essa é uma regra genérica que aplica-se a todas as atividades conhecidas.
Em matéria de Gestão essa regra é primordial. Não se pode fugir a ela, sob pena de perder-se na estrada. É a corrida para a obtenção do selo de “qualidade” na tarefa gestora.
Para elaborarmos um bom sistema de gestão, há de se construir, de forma sólida, colunas de sustentação, nas quais o projeto escolhido possa ser apoiado:
a) criar e alimentar um bom sistema de informações;
b) definir os objetivos da organização, fixando-lhe os valores, suas prevalências e suas metas; c) definir uma política de recursos humanos para estruturar a organização projetada.
Partindo-se dessas premissas, com base na trilogia apresentada, possivelmente se atingirá o objetivo de alcançar um bom desempenho na organização.
Historicamente, ao longo do tempo e numa visão ampliada, vê-se que ocorreram significativas mudanças no desempenho e nos perfis das empresas modernas, guardadas as especificidades de suas naturezas.
Os modelos administrativos ou gerenciais, utilizados nos séculos XIX e XX, na quase totalidade, tornaram-se obsoletos, improdutivos, onerosos e economicamente inviáveis porque não se adequaram às modernidades exigidas pelo desenvolvimento técnico.
De fato, diante dessa verdade, impunha-se uma substituição daqueles modelos antigos por outros valores, onde a racionalidade fosse o paradigma basilar.
Os novos gestores tomaram a consciência de que, para proceder-se a essa mutação, sem causar solução de continuidade, seria necessário iniciar-se essa mudança estrutural na área do conhecimento, pois ela seria o elemento propulsor dessa nova etapa.O mais perceptivos concluíram, que o correto seria realizar as novas tarefas e, simultaneamente, implementar as novas, dando um toque de mais velocidade e eficiência, objetivando estabelecer o equilíbrio da produção e a melhoria da competitividade. É esse, sem dúvidas, o caminho da gestão moderna, em busca dos resultados.
Em matéria de Gestão essa regra é primordial. Não se pode fugir a ela, sob pena de perder-se na estrada. É a corrida para a obtenção do selo de “qualidade” na tarefa gestora.
Para elaborarmos um bom sistema de gestão, há de se construir, de forma sólida, colunas de sustentação, nas quais o projeto escolhido possa ser apoiado:
a) criar e alimentar um bom sistema de informações;
b) definir os objetivos da organização, fixando-lhe os valores, suas prevalências e suas metas; c) definir uma política de recursos humanos para estruturar a organização projetada.
Partindo-se dessas premissas, com base na trilogia apresentada, possivelmente se atingirá o objetivo de alcançar um bom desempenho na organização.
Historicamente, ao longo do tempo e numa visão ampliada, vê-se que ocorreram significativas mudanças no desempenho e nos perfis das empresas modernas, guardadas as especificidades de suas naturezas.
Os modelos administrativos ou gerenciais, utilizados nos séculos XIX e XX, na quase totalidade, tornaram-se obsoletos, improdutivos, onerosos e economicamente inviáveis porque não se adequaram às modernidades exigidas pelo desenvolvimento técnico.
De fato, diante dessa verdade, impunha-se uma substituição daqueles modelos antigos por outros valores, onde a racionalidade fosse o paradigma basilar.
Os novos gestores tomaram a consciência de que, para proceder-se a essa mutação, sem causar solução de continuidade, seria necessário iniciar-se essa mudança estrutural na área do conhecimento, pois ela seria o elemento propulsor dessa nova etapa.O mais perceptivos concluíram, que o correto seria realizar as novas tarefas e, simultaneamente, implementar as novas, dando um toque de mais velocidade e eficiência, objetivando estabelecer o equilíbrio da produção e a melhoria da competitividade. É esse, sem dúvidas, o caminho da gestão moderna, em busca dos resultados.
Jansen (dos) Leiros
terça-feira, 8 de junho de 2010
PREITO DE GRATIDÃO
Ao lançar mais um livro à apreciação dos leitores, ALELUIA DO HOMEM NOVO, através da Editora Caravela – Selo Cultural, de José Correia T Neto, senti-me homenageado e prestigiado pelos amigos de longas datas, como Pedro Simões Neto; amigo irmão, o polivalente Rogério Almeida; o professor Manoel Pereira, o jornalista Cassiano Arruda, Daniela Pacheco (minha sobrinha do coração); Roberto Guedes e Liszt Madruga. Amigos mais recentes como Marcos Sá; Pinto Júnior; Cefas Carvalho; Jota Oliveira; Casciano Vidal; Lúcia Helena; Tácito Costa e uma centena de conhecidos que atenderam ao convite para o evento, no Midway Mall, dia 27 de maio. A todos, meu agradecimento sincero e fraterno. Agradeço, também, às mensagens telefônicas e aos “e-mails” enviados. Por todos esses, sinto-me gratificado.
Jansen Leiros
Jansen Leiros
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