segunda-feira, 30 de maio de 2011

Caríssimo Pedro Simões:

Seu livro A Intriga do Bem está lido e muitos trechos anotados. Se mais páginas houvesse, outros perfis incluídos, a leitura continuaria porque não temos vontade chegar à página final. Claro está que, entre tantos, alguns falaram mais fortemente à minha sensibilidade e deles fiz meus preferidos. Lamento não ter conhecido o Zé Félix, uma figura admirável. Não tenho lembranças do Inácio Magalhães de Sena e reli com enorme satisfação a criação simbólica que veste o Bartolomeu Correia de Melo.Quanto ao detalhe da “eminência parda” (página 25) que você informa não conhecer as razões, creio não ter sido fora de propósito, no universo da UFRN, compará-lo ao cardeal Richelieu. Falaremos pessoalmente se você julgar conveniente.
Viajo domingo para, entre outros assuntos, participar do sarau do reencontro. Abraço afetuoso,
Ciro José.
REFLEX
À margem da poesia de Paulo de Tarso
Aqui estou pássaro madrugador e antigo, pousado sobre os momentos de Paulo de Tarso Correia de Melo, saboreando o poema veneziano que outonal adormece,sonha fustigado pelo frio invernal de chuvas que torturam telhas. Desperta impulsionado pelo canto de míticas cotovias, arautos das auroras, no alto dos galhos das romãzeiras saudando a primavera.
Os versos são curtos, esculpidos nos coloridos multiangulares. Lembram vitrais e acendem na memória os brancos azulados, verdes, vermelhos e amarelos de Chagall que me comoveram na catedral de Saint Etienne de Metz.
Ainda que descubra no corpo apenas tempo e morte, é capaz de desatar sobre o corpo da amada a longa cabeleira dourada, mãos entrelaçadas, caminho adiante, assim como na Alvorada do Amor, de Olavo Bilac, Adão e Eva abandonam o paraíso:
“Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com o teu pecado e a vida com o teu crime!”
Inspira-se na abertura virgiliana da Eneida e constrói seu teorema lírico, onde ritmo e estética são rigorosamente matemáticos nos decassílabos:
“tombaram magnólias
Quando passaste aqui.
Chovia no jardim
E eu não te conheci”.
Avançou-me a tarde e o Sabor de Amar, de Paulo de Tarso Correia de Melo, na companhia das Quatro Estações de Vivaldi, que o poeta multiplicou por outras mil encasteladas no seu espírito sensível voltou à estante, lido, relido e anotado pelo estudante que sou das coisas belas.
Ciro José Tavares, Brasília 2010.
Brasília, outubro de 2010.

quinta-feira, 26 de maio de 2011





No retrato das lembranças




Jansen Leiros

Há parceiros que viveram no passado
E com eles nos afirmamos como afins,
Prosseguindo juntos toda caminhada,
Pelos caminhos da vida, nos confins.

Há amores que firmamos noutras vidas
E que hoje nos parecem bem remotos
Mas na verdade, se mostram muito próximos
Quais sombras eternas, projeção dos sonhos.

Esses amores que nos acompanham
Memória longínqua, quase infinita
Nos colocando na amplidão do cosmos,
Quais raios de sois que nos energizam.

E não só isso, douram-nos as almas
Dos fios longos de cabelos ofuscantes
Refletindo a luz, com muito e muito brilho
Fortalecendo as lembranças do passado

Eis os retratos das lembranças de outrora
Que nos iincitam a planejar, ditoso
Dinamizando a visão da alma
Na projeção do hoje, do agora.

Vespasiano







ODE AO DEUS SOL

Jansen Leiros


Neste momento tão grave, onde o mundo se acomete,
Da mais difícil ameaça, da qual se escuda na prece
Todos nós nos preparamos, pra superar “stress”.

De um lado, “tsunamis”, do ouro lado desastres,
Não se sabe, todavia, d’onde decorrem os contrastes
Se do próprio Apocalipse, ou se da culpa das partes.

O poeta da antiga, ele, assim como eu,
abre o ventre das palavras, pois dele se apercebeu
Que tem força quando nasce, pois nascendo, não morreu.

Percorreu longas raízes, esmerou-se p’ra chegar,
Nas bordas, perto das matas, e sua oca ocupar,
Perto do DEUS, seu Sol, e nessa hora voar.



-MACAÍBA REVISITADA
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
(Da UBE/RN, IHGRN, ALEJURN, INRG, OAB/RN)


Sensibilizado pela singeleza do livro de Osair Vasconcelos – A Cidade que ninguém inventou – dei asas às minhas lembranças e à saudade da terra das macaibeiras onde vivi nos idos de 1948 a 1950, na inesquecível Rua Pedro Velho, cenário telúrico da minha infância, para tecer alguns comentários a esse trabalho, escrito numa linguagem coloquial e também nutrida pela emoção e pela saudade.
De tantas coisas a dizer, fico atropelado pela necessidade de um esforço heróico de resumir fatos e coisas, deixando outros detalhes para breve livro que estou escrevendo – antes que a memória apague.
Fui morador da Rua Pedro Velho, para mim uma soberba avenida, numa casa de janelas altas e parapeito largo onde me acomodava para descortinar a paisagem e as pessoas, pois vizinho à antiga Igreja Protestante, esquina com o Hospital (Maternidade) Público, via a condução de pessoas enfermas em uma cadeira que servia, ao mesmo tempo, como padiola e ambulância.
De lá, contemplava o sítio do Major Andrade de a Igreja ou Capela de São José (que vivia fechada), onde terminava o calçamento e começava uma subida de piçarro e pedras arredondadas, algumas apanhadas por mamãe para fazer ‘leite ferrado’.
Na visão panorâmica da minha janela assisti o desfile de carnavalescos, o caminhão com a alegoria de uma garrafa de cachaça ‘dois tombos’, pois na minha idade era proibido acompanhar o cortejo, ainda mais sendo o filho do Juiz de Direito.
Também era local de alguma apreensão e até terror, pois a Igreja vizinha tinha inúmeras colméias de marimbondos e costumava ser apedrejadas pela intolerância religiosa, principalmente quando por ali passava Frei Damião, não por ordem dele, mas pelo fanatismo atrasado de algumas pessoas. E o terror ficava por conta de uma casa mal assombrada que ficava logo abaixo, em frente à casa de Gutemberg Marinho, irmão de Epaminondas – aquele que um dia constrangeu o seu pai, Senhor Luis Marinho de Carvalho (esposo de D. Emerlinda), respeitável líder espírita de Macaíba e que sonhava com a recepção de alguma entidade por esse seu filho. Um dia, chamado às pressas, fez uma sessão para a incorporação de que parecia estar tomado o dito filho e ao indagar que a entidade se identificasse, Epaminondas respondeu: ’Papai Noel da graça de Deus’. Que decepção!
Falando no sítio do Major Andrade, recordo dos momentos em que tive acesso aos pés de jabuticabas, deliciosamente saboreadas no pé, de onde se avistava o começo de uma pedreira. Desculpem se a coisa não é bem assim, pois quem fala é a lembrança de um garoto nos seus 7/8 anos, cuja visão ofusca a realidade.
Ainda próximo ao sítio, já na entrada da Rua do Gango (Rua Rodolfo Maranhão, meu tio-avô), confluência com a Rua Visconde do Rio Branco e hoje Rua Marcos Mafra eu tinha aulas particulares com a Professora Albaniza. Essa rua era condenada pela sociedade, pois tinha pousada das meninas perdidas, uma das quais ‘Xibiu de Bolão’, a que você se refere no livro. Sabe o porquê do apelido? ... Deixa prá lá...
Nos dias de feira, a esquina do sítio referido e até alcançar a Rua do Gango ficavam os animais que conduziam mercadorias para a feira e, às vezes, uma jumenta no cio despertava o instinto de um burro ou cavalo mais afoito, que iniciava a sua conquista sexual, exibindo aquele ‘prativaite’ por cima das cangalhas, com um relinchado ensurdecedor, espalhando apetrechos e mercadorias pela rua, debaixo dos gritos dos proprietários e aplausos da ‘mundinça’ que adorava o ‘furdunço’, à qual eu pertencia. Os animais eram dominados lá pela frente do Cartório de Seu Aníbal Délio.
Também era na feira, na parte final das barracas, que ficavam os cordelistas, cantando suas loas e suas estórias e histórias num velho microfone de pé, amarrado com uma flanela ‘suja’, mas encantando todos os que passavam e paravam por algum tempo para se deliciar e comprar algum cordel.
Ainda na Rua Pedro Velho tínhamos o velho Pax, com um grande quadro representando o desastre com o balão de Augusto Severo e o não menos antigo Cine Independência, que funcionava com um único projetor, sendo obrigado a interromper várias vezes a sessão para a troca do rolo de filme, sob os assovios e gritos dos expectadores. Nesse cinema existia, perto da tele, um muro que dividia a platéia – era a geral com bancos, onde se alojava a ‘plebe rude’, sujeita a todos os tipos de saliências, desde ‘bufas – daquelas consideradas pqp’ até algum excesso no campo amoroso. Era gostoso ver tudo isso e mais, antecedendo ao espetáculo, os comentaristas dos filmes, com ‘pronúncia estapafúrdia’ dos artistas estrangeiros como Johnny Mac Brown (quase Jone bate bronha), Johnny Weissmuller... viixxee... E as músicas daquele tempo - uma delas que lembro era ‘O despertar da montanha’, no mais eram Luiz Gonzaga, Pedro Raimundo, Augusto Calheiros, o velho Chico, Orlando silva e Nelson e também alguns bregas que começavam a acontecer.
O cinema também se prestava a espetáculos teatrais. A minha irmã Elza, ainda garota dos seus 11/12 anos, trabalhava no conjunto ‘Céu Sereno” com um personagem criado pelo Coronel Libório e se chamava ‘Doutor Rabufetele’, de cuja foto, velha e com o rosto sob maquiagem, foi identificado recentemente pelo historiador Anderson Tavares, descobrindo tratar-se do ator Antônio Leiros, pessoa muito querida na cidade. Sobre ele, colhi a respeito o seguinte testemunho de Wellington Leiros:
“Amigo Carlos, esse é ANTÔNIO LEIROS COELHO, macaibense, boêmio e seresteiro, de uma voz maravilhosa. No teatro, era impagável. Filho de Maria Madalena Gomes Leiros (prima legítima de meu pai José Leiros) e de Francisco Coelho. Morreu afogado, numa praia do nosso litoral, sob o efeito de uma grave perturbação mental. A morte se deu acidentalmente. Consta que escorregou numa barreira, à beira mar (praia de barreira roxa ou barreira d’água, num final de tarde/começo de noite). Deixou viúva e um único filho. Há muito, perdi contato com eles. É o que posso informar. Um forte abraço, W.Leiros”.
Aliás, sobre a minha irmã, ela e eu andávamos de patins pelas calçadas da Rua Pedro Velho, sob os olhares admirados dos meninos, quando então aproveitávamos para trocar algumas palavras em inglês – algumas inventadas, para podermos ouvir os comentários: ‘os filhos do Juiz falam estrangeiro’. Sem maldades, nem menosprezo...apenas coisas de crianças enxeridas.
Passando pelo Mercado, com o seu obelisco em homenagem a Augusto Severo, cercado de correntes, ali ficava pelas 5 da tarde vendo a passagem dos ‘mixtos’ tocando Aza Branca na buzina e esperando a chegada do gazeteiro com os jornais do dia e as revistas em quadrinho das quais era freguês assíduo e me valeu formar, até hoje, a melhor coleção de quadrinhos do Estado, sem modéstia, dentre Almanaques, Super X, Xuxá, Cavaleiro Negro, Roy Rogers, Gene Autry, Rocky Lane, Tarzan – o meu preferido, Vida Juvenil, Vida Infantil, Superman,Família Marvel, Gibi, Guri, Edições Maravilhosas, Álbum Gigante e muitas outras mais. Nos filmes de faroeste havia um personagem constante – o bigodinho, representado pelo eterno bandido Roy Barchoff (o coisa que o valha).
A Rua da Cadeia (na verdade – Rua da Cruz ou, corretamente, Rua Dr. Francisco da Cruz), onde moravam as figuras honoráveis de Alfredo Mesquita e Dona Nair (Valério era ainda um menino buchudo, não aparecia), era o meu caminho para assistir os circos (levando as cadeiras de casa) e do campo de futebol, que ficava visinho ao Cemitério. Ali, quando os jogos demoravam um pouco mais e a noite começava a apontar, se a bola caísse entre os túmulos, ficava difícil de ser encontrada e, sem refletores e com a demora, a noite não esperava e só tinha um jeito – encerrar o jogo, debaixo dos protestos do público.
Particularmente no futebol, torcia pelo Cruzeiro e lembro os nomes de Galamprão – um goleiro de mãos enormes e de Taperoá, que foi protagonista de um episódio casual em que ao limpar uma arma de fogo, a mesma disparou e matou uma pessoa de sua família, parece que a esposa. Mas era um bom homem e deve lhe ter sido feita justiça, pois lembro que depois ele aportou por Natal, como massagista do ABC, salvo engano meu.
Sobre as coisas da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, comandada pelo Padre Chacon, de quem fui coroinha nas procissões e algumas vezes, ajudei nas missas, lembro de que certo dia ajudava em uma novena e na hora em que o Padre mostrou o Santíssimo para ser ungido pelo incenso, eu continuei balançando o turíbulo e o Santíssimo não foi ungido nessa noite. Já as festas, nos lados da Igreja eram magistrais – pau de sebo, pastorinhas dos cordões azul e encarnado, cocais de castanha, farinha de milho em barquinhos de papel salofane, venda de prendas e muita alegria, com algum excesso de ‘birita’.
Costumava fazer currais de gado com os manguitos caídos no chão, espetados em palitos de palha de coqueiro quando ia até o sítio dos Leiros – nem sei onde era!
A praça José Varela e o novo Pax estavam em construção quando deixei Macaíba, mas vim para a inauguração e um churrasco onde homenagearam papai. Nessa noite aconteceu um episódio comigo: a carne estava um pouco dura e eu resolvi parti-la no dente e o garfo escorregou e o pedaço de carne foi cair em cima de uma mesa próxima. Todos olharam indignados, mas era o filho do Juiz e não deu em nada. A minha família é que ainda hoje goza desse fato. Já do rio Jundiaí pouco desfrutei, pois o bom era curtir os mergulhos da ponte, mas isso era proibido para fedelhos como eu, mesmo sendo filho do Juiz.
Só voltei a Macaíba em 1958 para participar de uma eleição em que o meu tio afim Jessé Pinto Freire era candidato e tinha o apoio de Seu Alfredo Mesquita. Foi nessa ocasião que conheci Valério, alto, comprido junto à cadeira do seu pai. A chegada à Macaíba foi com Jansen Leiros e fui para a casa de Seu Aguinaldo. O Jeep que eu dirigia quebrou na estrada, já perto de Macaíba (tinha a placa DM – 1489). Após a chegada, beirando a noitinha, após um banho e o jantar, Jansen me levou a visitar algumas criaturas alegres, numa casa perto da Praça Augusto Varela, parece que ali tinha alguma coisa com a estação de energia. Isso é um passado muito passado, pois sou um homem direito e fiel desde o tempo de noivado. Não achem graça que é verdade!
Depois fui outras vezes e até tínhamos um terreno em Mangabeira. Finalmente, minha última visita foi no dia do falecimento de Dona Nair. Tirei fotografias de alguns pontos que tanto estimei, mas a coisa mudou demais. Não existem mais o Mercado, o velho Pax e o Cine Independência. A casa onde morei ainda existe, o sítio do Major Andrade é um Centro Cultural, a ladeira está calçada, a igreja dos crentes não é mais igreja e o hospital mudou de lugar. Não fui ao Cemitério nem procurei o campo de futebol. Fiquei apenas lembrando das pessoas, do dentista da Rua da Cadeia, de ‘Danga’ (Nássaro Nasser), de dois meninos que faziam caminhões de madeira, com luz e tudo, imitando os ‘mixtos’ daquele tempo. O resto foi saudade, muita saudade mesmo.



DE POEMAS E POETAS



Ciro José Tavares




Reflexões à margem d poesia de W.B. Yeats

O Poema não é uma invenção, é arte. Arte permanente que guardamos nos nossos espíritos. É o lirismo que fazemos transbordar nas palavras. Nasce de nossas verdades que emergem de algum lugar dentro de nós. O poema ocasional é falso e por essa razão banal, medíocre, sem valor.
Há enorme diferença entre o poema que brota da inspiração autêntica e o construído pela conveniência de quem escreve. No primeiro os versos chegam tão silenciosos que o poeta não percebe, sente a beleza aflorando e a transforma em palavras líricas, de tal forma que isso possa ser alcançado pela sensibilidade alheia. No segundo, os versos são colocados como numa gaveta de roupas bem arrumada, mas seu argumento é frio, inócuo e não fala à alma de ninguém. O gongórico, a suntuosidade forçada, são danosos à poesia.
Se a opção do escritor é pelo soneto clássico é preciso o domínio absoluto da métrica e das rimas ricas. Aqui há dois caminhos, o alexandrino de doze sílabas, ou o de dez (decassílabo). O exemplo prático é o nome de Bilac: Completo tem doze sílabas Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac. Se retirarmos o Martins, por exemplo, a composição é típica do decassílabo. Chamemos Atenção para os arroubos do condoreirismo. O estilo bombástico, grandiloquente está superado. A poesia moderna pede simplicidade. Se a opção é pelo verso branco, adotado pela maioria dos românticos ingleses, a rima é dispensada, mas o ritmo é fundamental. O verso deve ser musical, suave, aconchegante. O argumento paira nas entrelinhas. Quebrado, sem ritmo na sua estrutura, o verso parece instrumento desafinado.
Finalmente ao escritor, se poeta, não deve faltar o mito. Se não conhece o campo da mitologia, pode criar, inventar ou reinventar, desde haja conexão com o texto e não atropele a beleza. Completo as reflexões com o próprio William Butler Yeats. Difícil não encontrar nas profundezas interiores de sua obra poética o amor por Maud Gonne que, por três vezes, rejeitou seu pedido de casamento. Casado com Georgie Hyde Lees e ela com John Mac Bride encontram-se, pela última vez, poucos meses antes de sua morte, em janeiro de 1939, aos 74 anos.
“Ouço os cavalos fantasmas, as suas longas, alvoroçadas crinas,
Os tumultuosos e pesados cascos, o branco esplendor dos olhos;
O Norte desvenda-lhes a obstinada, serpenteante noite,
O Leste sua oculta alegria ao romper da manhã,
Chora o Oeste o pálido orvalho enquanto suspirando morre,
Verte rosas o Sul de fogo carmesim:
Oh que inúteis o Sono, a Esperança, o Sonho, o eterno Desejo,
Os cavalos do Desastre investem pela densa argila;
Amada, semicerra os olhos, deixa o teu coração palpitar sobre
O meu coração, sobre meu peito deixa os teus cabelos,
Afogando a solitária hora do amor em profundo anoitecer de paz,
Escondendo as agitadas “crinas, os tumultuosos cascos.”

Ele PEDE À SUA
AMADA QUE ESTEJA EM PAZ



ODALISCA FUGITIVA



Ciro José Tavares





“Sobre as pálpebras dos seus olhos exaustos,
Como o orvalho numa flor adormecida, jaz uma lágrima
Que um sonho fez desprender da sua alma.”
Percy Bisshe Shelley in Adonais estrofe X

Era o terceiro dia o carnaval morria
para mim nos sete anos da infância.
Os sons estridentes da orquestra agonizavam,
No quadrangular salão vazio aos poucos
arrisquei volta final fugir da despedida.
Como miragem das mil e uma noites
bela odalisca surgiu na minha frente.
Fantasia e adereços dourados refletiam
como vivos caleidoscópios reluzentes,
negros cabelos escorridos nos ombros de marfim.
Aconchegou-se não sei se apaixonada de repente
Senti na face os lábios rubros como corais marinhos.
Estendi as mãos para o afago e vi-me só abandonado
Para despertar na quieta quarta-feira um poço de saudades.



DE SERRA VALE MITO E PAIXÃO
(BALADA)

Chama Camelot, Guenevere, o altiplano da serra
pois ali druidas celtas construíram
teu edênico castelo para cumprir a penitência
e esquecer a violência da condenação
pelo amor a Lancelot, o primeiro cavaleiro.
Nas torres sonhas contemplando o vale,
protegido pelas faldas escarpadas,
o verde que se perde quando ao vir da noite
as mansas ruças chegam para adormecê-lo
até que tempo e vento devolvam o céu escampo.
Afoga as dores no silêncio, Guenevere.

Volta ao lago e no frescor das romãzeiras aguarda.
Não tarda Lancelot virá conduzido pelos cisnes
para recolher contigo as pétalas
das flores brancas flutuando nas correntes.


Ciro José Tavares

terça-feira, 24 de maio de 2011


TRANSIÇÃO PLANETÁRIA

"O APOCALIPSE

de São João é um Livro da Biblia

O Livro sagrado do cristianismo.

O último da seleção do Cânon.



" Questionando sobre a Transição Planetária

que referida foi, desde milênios

Agora, ratifica o Philomeno*

Instala-se como programado.

E as mudanças seguem projetadas,

No tempo certo, em momento exato.

O homem expectante e impactado,

Vê vaticínios que se realizam.


Cada fenômeno transforma-se em mil eventos

que eclodidos, destroem a humanidade
para reinício de uma nova era

que se instala numa Nova Idade.


E a promessa do CRISTO é iminente

dela depende essa Transição

Embasando cada coração

na futura Terra prometida.


"João escreveu o que ele viu (1.11.19) que era basicamente

uma peça vivida emocionalmente. Para entendê-la

precisamos visualizar as cenas em nossa imaginação."


*Manoel Philomeno de Mirnda

em Transição Planetária, psicografado por

DIVALDO PEREIRA FRANCO


segunda-feira, 23 de maio de 2011

MEU GALO BRANCO
È! O meu galo seresteiro,
foi cantar no galinheiro,
da vizinha da esquerda.
Ele é branco,...
todo branco!
encanta pela presença,
seu "cacarejo" é sentença
e jamais pede licença
p'ra mandar em seu chiqueiro.

Galo branco, altaneiro,
com seu pescoço de sola
e sem precisar de viola,
encanta seu galinheiro.

É reprodutor famoso
se intitula gostoso
p'ras galinhas que corteja

e recebe de bandeja
em número que não contei.
Comida balanceada,
em grãos ou bem farelada.

Eu só sei qu'ele comanda,
No fino da cortesia,
oferecendo abadias
para nas torres cantar,

cantar mais alto que os sinos
cantadas que descortino
terminam no verbo AMAR.

Jansen Leiros

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Gratidão Materna


Bonito é seu poema,
em forma de soneto
no qual você formula,
a sua gratidão.

Do filho à sua mãe;
liberta da dor do mundo,
singrando naus,
no oceano onírico,
nas asas do amor.
ao horizonte lírico,
tocando-lhe a mão,
macia e bela,
a beijar-lhe ternamente
noutra dimensão.


Jansen Leiros






AGRADECENDO

(Psicografado)

TIRANDO, SIM, MEU JESUS,
DO MADEIRO INFAMANTE,
EU VOU LEVANDO ADIANTE.
SUA LUZ BRANCA DE AMOR.
P’RA FORMATAR, LÁ NOS CÉUS,
IMENSA CONSTELAÇÃO,
GERATRIZ DO CORAÇÃO,
QUAIS ESTRELAS RELUZENTES,
COMO HORIZONTES PENDENTES,
NAS FIMBRIAS DO CORAÇÃO.
NESSE OLIMPO DE BONDADE,
NA DIVINA CLARIDADE,
DE JESUS ECLODE A LUZ,
NESSE POEMA DIVINO,
NAS BADALADAS DO SINOS
AGRADEÇO AO MEU SENHOR,
AS HOMENAGENS OUTORGADAS
A ESSA PEQUENA ENTIDADE
QUE A JESUS TANTO AMOU.
NESSE POEMA, SEU LUME,
TRAZ DOS JASMINS, SEU PERFUME
COMO UM BUQUET DE AMOR.

Deus abençoe a todos desta casa.

Auta de Souza












É MUITO GRATIFICANTE
RECEBER ANJO DE LUZ,
COM POEMA E JASMINS
RESPLANDECENTES COMO
O AMOR QUE ELA CONDUZ.

HERCULANO.












segunda-feira, 9 de maio de 2011





Jansen Leiros - O Literato

Suas Obras



Este ensaio de Jansen Leiros é sua estreia como escritor. Escritor ainda imaturo, porém, sob boa influência dos amigos espirituais. Nesse trabalho Jansen já demonstra que identificara o norte da vida. Ao concluir a orelha desse livro Paulo Lopo Saraiva externou: “O livro de Jansen Leiros terá a maior receptividade não só nos meios literários, mas sobretudo na convivência daqueles que buscam mensagens de fé para sacralizar a vida. A reflexão, sem dúvida, influirá na mudança das pessoas e só pela modificação pessoal chegar-se-á à mutação coletiva. Em “FRAGMENTOS DE REFLEXÕES”, Jansen Leiros confirma todos os seus atributos pessoais: exímio escritor; profundidade no conhecimento das máximas espiritualistas;”
Nossos agradecimentos ao ilustre prefaciador desse trabalho.


Os “contos do entardecer”, De Jansen Leiros, associam uma visão espiritualista a uma preocupação ética, que os tornam verdadeiros ensinamentos existenciais. Ressalto a limpidez da frase, a simplicidade do estilo, o despojamento da forma, em proveito, talvez, da densidade da mensagem transmitida. São qualidades valiosas em obra que se propõe a influir no comportamento do leitor. Assim se expressou Valério Mesquita ao tecer considerações sobre esse livro, concluindo a leitura é amena e rica de reflexões que mais poder-se-ia exigir de um livro? A beleza talvez, pois o livro de Jansen, a beleza é toda espiritual.Meus agradecimentos ao confrade Valério Mesquita


O conto tem tido em nossos dias um lugar de destaque entre as modalidades de expressão literária. Acentuado pelos novos espaços fotomontados ou puramente estilísticos, não podemos deixar de ressaltar a grande contribuição de Guimarães Rosa com sua Saga/rana de novas palavras ricas de conteúdo, ou de um Dalton Trevisan que tanto marcou a minha geração com um estilo próprio, incisivo e renovador. Registre-se um Samuel Rawet e tantos outros mais que têm procurado na valorização do cotidiano uma linguagem nova perpassada pelo frêmito da vida.


Não há pretensões propriamente literárias, em sua obra – já o dissemos- não obstante o artesanato formal, o ritmo de suas frases, a correção da linguagem empregada. Méritos seus, únicos- a “copidescagem” que nos atribui, resta como coisa irrisória, mínima. O excepcional relevo, o singularismo deste escritor não estreante é o testemunho de sua fé. E triste do homem que, por covardia, por comodismo, ou por interesses espúrios abdica de suas ideias. Como triste, também, daquele que não atinge a coragem de rever sua posições diante da vida: o que, constatando-se radical, dogmático, maniqueísta, não saiba se impor num novo rumo. Assim se expressou a escritora Edna Duarte, a quem agradeço de coração.


A ficção de Jansen Leiros tem a verdade que caracteriza os romances que nascem a partir de personagens reais, mergulhados na realidade nordestina.
Jansen vai costurando a verdade da saga de Romão com as verdades de sua ficção autêntica, completando as cores e os tons de uma aventura provinciana, mas universal. Mas a universalidade de seu romance burla, os limites naturais e geográficos rompendo as barreiras da província
Que Romão possa continuar a sua saga. Agoranos olhos e na emoção dos leitores de Jansen Leiros. Que é um Romão na saga de cantar a sua terra com o mesmo espírito elevado de sempre. Tão alto e tão Macaíba como os maicaibenses de sua infância. Vicente Cereja.



Belíssimo romance espiritualista de JANSEN LEIROS, que nos narra a história de duas almas gêmeas e o “karma” que rege evoluções.
O romance de leitura agradabilíssima, desenvolve –se através de vários contos (romanceados) ao longo dos séculos, envolvendo trechos das histórias da Península Ibérica e do Brasil, sob um prisma espiritualista, o que torna o livro muito interessante, também, sob esse aspecto.
Jansen, que conheço há trinta anos , é um filósofo, muito mais que escritor—e não escreve por escrever— pois deseja transmitir a seus leitores sua mensagem de bondade, de fé em Deus e esperança na evolução do mundo,através da purificação dos espíritos nas diversas passagens terrenas. Adágio . . .Inesquecível. Principe Dom Eudes.




Em Sonata do Alvorecer de Aquárius, as lições de vida são magistrais. Prefaciando o livro, o professor Jorge Andréa diz que “Toda a construção das idéias reflete impulsionamentos para o conhecimento e educação espiritual. Com sua robusta intelectualidade, Jansen Leiros causa encanto como manipula as palavras e frases: isto dá certa originalidade ao assunto em pauto pela exposição da forma “Sobre o mesmo trabalho, diz o Professor Reynaldo Leite: “Sonata do Alvorecer de Aquárius é obra para ler-se estudando, pois que nas estrelinhas é que no nobre Autor muito leciona”.Rinaldo Leite.





Daphne, é um livro que foge aos mecanismos dos demais psicografados por jansen Leiros. Enquanto os antecedentes são fruto de prévia inspiração, com psicografia que se seguia com fluência este teve seu despertar através de uma conferência, onde a escritora psicografa Marilusa Vasconcelos pictografou uma foto de Daphne onde estava escrito: “Jansen, conte minhas estórias” , depois desse fato a própria Daphne ditou quatro de suas encarnações cujos motivos causais desse seu último desencarne estavam inseridos no contexto dessas estórias narradas no estilo de romance, cuja primeira edição foi esgotada em 2 meses.


A tese defendida é o grande anelo do contexto deste livro. “Garimpando a luz”, também, um agradecimento pessoal a três grandes amigos, os quais sempre me culminaram cm apoio incondicional, com injeção de ânimo nos instantes de insegurança, com puxões de orelhas nos momentos críticos de minhas inferioridades, e com muito amor ao longo dos milênios: Auta de Souza, cujos dotes espirituais me enternecem, Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, a quem respeito e admiro, e de quem sou eterno liderado e aquele a quem outorgam a responsabilidade de me orientar nesta existência, alma pura e paciente, sereno e doce, envolvente e sincero, a quem, carinhosamente, chamo de Herculano. Assim, este livro é de vocês. Façam dele bom uso.


Foi com imensa alegria que recebi o convite do amigo JANSEN LEIROS para prefaciar seu mais novo livro “Aleluia do Homem Novo”.
A leitura do livro me encantou. É uma obra de ficção pontuada de sensibilidade. A mente humana é povoada por uma fauna exuberante de crenças, opiniões e sentimentos. Conhecemos ais sobre o mundo físico que nos cerca do que sobre nós mesmos. Você, leitor, irá perceber isso lendo o livro.

O trabalho de Jansen é de tamanha espiritualidade que, se receio de erras, admito que seu grau de aprimoramento do assunto expande-se como o universo e o astro que o ilumina é nascente apenas nas cores de sua tela, pois próximo está de alcançar o zênite. No diálogo fraterno, por exemplo, estabelece a similitude com a passagem bíblica, no livro do Êxodo. O Noé divino “eu sou aquele que é”, segundo a revelação do Pai do Tempo a Moisés, líder dos israelitas, é absorvido integralmente por Plathus que confirma ser Deus a “inteligência suprema, essência da vida e causa primária de todas as coisas”. E a conclusão é alcançada sem recorrer às habituais e envelhecidas práxis teológicas, muitas vezes nebulosas, plantando mais dúvidas ao contrário de esclarecer.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

AFUNILAMENTO
E A REGENERAÇÃO


Eis a tônica da hora
Hora do afunilamento,
Fugindo ao discernimento
Eis! são quase tsunamis
Jogados sim, sem tatame,
Na luta que já perdeu,
O homem assim se pergunta
Como tudo aconteceu?
É que perdeu a memória
De mil milênios atrás
Infringindo a natureza,
Agindo qual Satanás,
Pra quem não existiam regras
Jogando tudo p’ra trás.
O homem não entendia
A lei de causa e efeito
Pois não sabia, sequer
Como agia e de que jeito.

Hoje, que o tempo passou
E a natureza reage!
O homem já se entregou
E já perdeu a coragem
Dizendo: ele ganhou!
O Universo tem vantagens
Pois a tudo ele domina
Tem o poder e fascina
Para toda a Eternidade.

Agora, vem outro ciclo,
Para a regeneração.
P’ros que ficarem na Terra
Revivendo as moneras,
Girando noutras esferas,
Pontuando outros padrões.
Respeitando a natureza
Cultuando a beleza
Respirando outros olores,
Trabalhando com as cores
Em nova harmonização.

Viva o DEUS deste Universo
Poema de Verso e anverso
Luz de infinito Fulgor!
Ciclo de Paz e Amor!
Momento de Alegria!
Num mundo sem fantasias,
Onde reina Cor e Luz
Da fonte pura: JESUS
Nosso AVATAR SALVADOR!

Herculano